“É indubitável que passamos pela mais grave crise institucional da nossa história e não me sinto confortável em ficar alheio a isso. O Cruzeiro saiu das páginas de esporte para estar nas páginas policiais, sendo inclusive alvo de investigação em curso na Polícia Civil mineira”. A frase do presidente do Conselho Deliberativo do Cruzeiro, Zezé Perrella, em nota oficial divulgada na tarde deste sábado (15), quando ele pede o afastamento de Wagner Pires de Sá e de todos os seus diretores que estão envolvidos em denúncias na administração do clube, foi quase uma premonição.
Poucas horas depois, uma matéria da jornalista Gabriela Moreira, no site Globoesporte.com, revelava que o presidente Wagner Pires de Sá e Fabiano de Oliveira Costa, que era vice-presidente do clube, mas perdeu o cargo após as denúncias feitas pelo Fantástico contra a atual diretoria cruzeirense – ele segue prestando serviços jurídicos à Raposa, mas sem ser vice-presidente – vão depor na semana que vem na Polícia Federal (PF) como testemunhas da Operação Escobar, que investiga o vazamento de documentos sigilosos sobre operações da PF.
Fabiano vai prestar depoimento na próxima terça-feira (18). Na quinta-feira (20) será a vez de Wagner Pires de Sá. Os dois são testemunhas pelo envolvimento de três conselheiros do Cruzeiro, que chegaram a ser presos, no último dia 5 de junho, na Operação Escobar.
Dois desses conselheiros são advogados e prestaram serviços jurídicos ao clube e receberam juntos cerca de R$ 1 milhão no ano passado. O outro tinha sido nomeado por Zezé Perrella para integrar uma comissão provisória que investigaria as supostas irregularidades cometidas pela atual diretoria.
Na mais grave crise da sua história, o Cruzeiro deixou mais uma vez neste sábado as páginas esportivas para ocupar as policiais.
Procurada, a diretoria do clube não se manifestou.