R$ 70 milhões do esporte olímpico parados nos cofres da CBC

Alberto Ribeiro - Hoje em Dia
17/03/2013 às 13:09.
Atualizado em 21/11/2021 às 01:58
 (AFP PHOTO / FABRICE COFFRINI)

(AFP PHOTO / FABRICE COFFRINI)

A história se repete a cada quatro anos. Logo que termina uma Olimpíada, os responsáveis pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) prometem uma nova realidade para os esportes especializados no país. Dessa vez, a expectativa é ainda maior. Sede do evento em 2016, a projeção da entidade é de que o Brasil saia do 22º lugar em Londres-2012 para ficar entre os dez melhores colocados no ranking de medalhas.

Porém, a pouco mais de três anos e meio para a grande festa, no Rio de Janeiro, o país caminha a passos largos para fazer feio dentro de casa, e as esperanças se transformam em palavras infundadas. Apesar de ser uma das prioridades do Governo Federal, o esporte olímpico e paralímpico tem, em caixa, R$ 70 milhões para investimento em clubes parados, há dois anos, por conta de indefinição em relação às regras jurídicas para a distribuição da verba.

O dinheiro é referente a 0,5% da Lei Piva, que foi destinado às agremiações em março de 2011 e se acumula na poupança da Confederação Brasileira de Clubes (CBC). Enquanto isso, as agremiações, maiores beneficiárias do montante, literalmente se desdobram para sobreviver. Nessa batalha, tudo é válido para se manter, desde limitar projetos de formação de atletas até extinguir modalidades.

Um exemplo claro é o Flamengo. Sem recursos, o clube da Gávea anunciou, recentemente, o final das equipes de ginástica artística, judô e natação, dispensando nomes como Cesar Cielo, Érika Miranda, Nacif Elias, Jade Barbosa e os irmãos Diego e Daniele Hypólito.

Em cima disso, uma certeza prevalece: como o dinheiro é prioritariamente destinado à base de atletas, já não haverá impacto em novos talentos para a Rio-2016, devido ao pouco tempo. “Para se ter ideia, de todos os atletas brasileiros que foram para a Olimpíada de Londres, 77% eram formados em clubes, mas não houve um reconhecimento a isso”, desabafa o presidente do Minas Tênis Clube, Sérgio Bruno Zech Coelho.

Imbróglio

Segundo a CBC, o imbróglio é claro. Sem a regulamentação da Lei 12.395, que alterou a Lei Pelé, não há como saber quais os limites legais para a aplicação dos recursos. “Você tem a norma e não tem a regulamentação. A lei diz que esse dinheiro é para formação de atletas. Mas a regulamentação deixa usá-lo para atletas de alto rendimento. É dinheiro público. Como utilizar, se as regras não estão totalmente definidas”, questiona o presidente da entidade, Francisco Antônio Fraga.

Ele confia na solução em curto prazo. “Acredito que, em abril, esse impasse seja resolvido”, diz. O Governo, por outro lado, se esquiva do assunto e afirma que o processo ainda está em negociação. “Há uma regulamentação necessária, porque esse é o argumento para a não transferência dos recursos para os clubes. Mas isso vai ser solucionado, e eles não vão perder esse dinheiro”, garante o ministro do Esporte, Aldo Rebelo.

Nos bastidores, comenta-se que existem divergências internas no Governo em relação a artigos da legislação sobre futebol, que não têm relação com o dinheiro para o esporte olímpico. No entanto, como não há acordo, não saem as regras para a utilização da verba. “Vamos fazer uma grande Olimpíada em estrutura e organização, mas não em termos de pódio”, aposta Fraga. 

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