Rafaela Silva confirma influência do 'fator casa' na sua carreira

Estadão Conteúdo
09/08/2016 às 08:51.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:15
 (Flávio Tavares/Hoje em Dia)

(Flávio Tavares/Hoje em Dia)

A família costuma dizer que Rafaela Silva sempre teve "algo diferente", referindo-se à capacidade de acumular vitórias em seus primeiros anos de judô. "Ela ganhava todas", garante a irmã, Raquel. Mas talvez a maior diferença da agora campeã olímpica esteja em sua capacidade de aproveitar o fator casa. Foi no Rio, onde nasceu, que Rafaela conquistou suas duas maiores glórias: o título mundial em 2013 e agora a medalha de ouro olímpica.

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A própria Rafaela confirma que competir em casa motiva ainda mais. "No Mundial, eu estava perdendo a segunda luta quando teve uma interrupção. Olhei para a torcida e pensei que não podia decepcionar o pessoal. Aí reagi e acabei campeã."

O mesmo aconteceu agora, nos Jogos do Rio. "No primeiro dia do judô eu vim assistir às lutas. Quando os brasileiros entravam, as pessoas batiam o pé e a arquibancada mexia. Eu não via a hora de lutar", afirmou.

O fator casa ficou ainda mais forte na tarde de terça-feira. Isso porque enquanto Rafaela Silva despachava uma a uma suas oponentes na Arena Carioca 2, o pai Luiz Carlos, a mãe Zenilda e a irmã Raquel engrossavam o coro da torcida na arquibancada. Mas ver a filha brilhar no tatame nem sempre foi algo possível para eles.

"Comecei a acompanhar quando ela tinha 5 anos, mas eu não ia muito. Trabalhava e quem ia era a mulher. Às vezes eu queria, mas não tinha dinheiro. Ela lutava muito em Niterói, tinha que pagar a van e só tinha dinheiro para pagar para um", recorda Luiz Carlos.

Ele trabalha dirigindo um pequeno caminhão, ajudando com mudanças e fretes. Zenilda tem um armazém junto à casa onde moram, na Freguesia de Jacarepaguá. O local é perto da Cidade de Deus, comunidade onde Rafaela cresceu e de onde a família se mudou em 2000.

Antes da final olímpica, Luiz Carlos desceu a arquibancada e foi fumar um cigarro do lado de fora da arena. Não escondia a ansiedade, mas já se dizia realizado mesmo sem saber a cor da medalha. "Se morrer amanhã, morro feliz pra caramba. Sempre torci para ela ganhar uma medalha olímpica", afirmou.

Com a confirmação do ouro, a irmã foi às lágrimas. "Desde pequena ela sempre teve o dom. Ela ganhava todas as competições. A gente via que tinha algo diferente nela", diz Raquel, enquanto caminhava apressadamente para encontrar a nova campeã olímpica. "A Rafaela é um orgulho pra família, pro nosso projeto no Instituto Reação e pra nossa comunidade da Cidade de Deus. Foi de lá que a gente saiu e ela é espelho para as crianças", comenta.

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