Nico Rosberg enfim sacramentou o título do Mundial de Pilotos da Fórmula 1, neste domingo (27), após deixar escapar dois "match points", no México e no Brasil. Ao aproveitar sua terceira chance de faturar o troféu, o piloto alemão espantou a desconfiança que rondava seu nome desde que a Mercedes passou a dominar o circuito e ainda deixou para trás uma temporada marcada por reviravoltas.
No Circuito de Yas Marina, em Abu Dabi, Rosberg finalmente se tornou protagonista da F-1, encerrando a trajetória de pouco destaque, na qual era ofuscado com frequência pelos companheiros de equipe. A começar pelo compatriota Michael Schumacher na própria Mercedes. Eles correram juntos na equipe por três anos. Mas, mesmo superando o companheiro, Rosberg era coadjuvante diante do heptacampeão mundial.
Seu perfil discreto, avesso a polêmicas e declarações fortes, o manteve em segundo plano na Mercedes quando Lewis Hamilton chegou ao time, em 2013. Rosberg foi superado pelo inglês logo no primeiro ano da dupla na equipe. Nas duas temporadas seguintes, o alemão viveu um pesadelo constante ao lado do amigo e rival desde os tempos de kart. Completamente ofuscado pelo bom rendimento e pelo perfil midiático do inglês, mal vislumbrou chances de título e foi vice-campeão em 2014 e 2015.
Tudo mudou neste ano. Com uma nova postura, o piloto alemão venceu nada menos que quatro corridas seguidas no início do campeonato. Hamilton, pela primeira vez desde que chegara ao time, assumia papel de coadjuvante, não somente pelo bom desempenho do companheiro. Problemas técnicos também comprometeram o início de temporada do tricampeão. Alheio às dificuldades de Hamilton, Rosberg aproveitava seu momento favorável.
Mas o caminho até o título não foi dos mais fáceis. Logo o inglês encontrava suas melhores performances no modelo 2016 da Mercedes. Ele venceu duas provas em sequência - e Mônaco e no Canadá - e deu início à alternância entre os dois pilotos da Mercedes. Rosberg deu o troco no GP da Europa e abriu nada menos que 43 pontos de vantagem no Mundial.
E, o que parecia a trajetória natural no início do campeonato, ganhava solidez. Rosberg se tornava o candidato mais forte ao título da temporada. Só não contava com nova reação do inglês. Hamilton emplacou quatro vitórias consecutivas. Na terceira delas, na Hungria, assumiu a liderança do Mundial. Em seguida, abriu 19 pontos de frente, um duro golpe para o companheiro de Mercedes.
Foi então que Rosberg consolidou sua trajetória rumo ao título. Venceu três provas em sequência e, em Cingapura, retomou a ponta do campeonato. Daí em diante, exibindo maior regularidade que Hamilton, não perdeu mais a liderança, apesar de três triunfos seguidos do inglês, nos Estados Unidos, no México e no Brasil.
Aos 31 anos, Rosberg, assim, repetiu o feito do pai. Keke Rosberg venceu seu único título na F-1 em 1982.