Saída Kalil é mais um capítulo da novela marcada por divergências no torneio Sul-Minas-Rio

Gláucio Castro - Hoje em Dia
Publicado em 21/12/2015 às 07:35.Atualizado em 17/11/2021 às 03:24.
 (Bruno Cantini)
(Bruno Cantini)

Fazia muito frio em Curitiba na tarde de 16 de julho. Mas o inverno rigoroso no Sul do país não teve efeito na sala de um luxuoso hotel da capital paranaense, onde entusiasmados dirigentes de alguns dos principais clubes do Brasil deram o pontapé inicial para a criação da Primeira Liga. Seria o primeiro passo para a reorganização e moralização do futebol nacional.

Cinco meses após aquele acalorado encontro, o torneio continua na estaca zero, coleciona divergências e tem tudo para não sair do papel. Com início previsto para 27 de janeiro de 2016, ainda não houve acerto com nenhuma emissora de televisão e as principais questões seguem apenas no debate.

A saída do diretor executivo Alexandre Kalil, que abandonou a função na Liga no último sábado, foi apenas mais um capítulo da competição que perde força a cada novo episódio. Mas os desentendimentos não começaram agora. O próprio Kalil foi personagem de uma das primeiras polêmicas da disputa, que reuniria clubes de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina.

Ao ouvir dos dirigentes da CBF em 19 de outubro que a entidade precisava consultar presidentes de federações de outros estados, o ex-mandatário do Atlético deixou o prédio da confederação no Rio de Janeiro esbravejando e anunciando o rompimento com aquela que é a responsável por organizar o futebol brasileiro.

“A Liga não precisa da CBF. Não aceitamos as imposições. Não precisamos dessa assembleia da casa dos 7 a 1”, reclamou. A questão das datas do jogos da Primeira Liga, que coincidiriam com os estaduais ou não respeitariam os 30 dias de férias dos jogadores, também colocaram mais pilha no entrave com a CBF.

Dias depois, a “Folha de São Paulo” denunciou que Kalil teria nomeado um filho e um sobrinho como advogados da Primeira Liga, gerando mal-estar entre dirigentes. Irritado, o cartola falou em pedir demissão, mas foi demovido da ideia por Gilvan de Pinho Tavares, presidente do Cruzeiro e da Liga.

Negociação Emperrada

Em 27 de outubro, o secretário-geral da CBF, Walter Feldman, confirmou que a entidade tinha interesse em apoiar a Liga, desde que fossem feitos alguns ajustes e anunciou que não negociaria mais com Alexandre Kalil.

O fato de o Flamengo, clube de maior torcida no país, querer uma cota de televisão bem maior que a dos demais desagrada a muitos dirigentes e provoca desentendimento.

Há 15 dias foi a vez de Gilvan anunciar que o Cruzeiro sairia da disputa, insatisfeito com a eleição relâmpago de Mário Celso Petrália como co-presidente da Liga, fato que também irritou outros presidentes de clubes. Com a revogação da eleição em 17 de dezembro, Gilvan resolveu que a Raposa voltaria a fazer parte da Liga.

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