Saudades do glorioso Metalusina, o Tucano de Barão de Cocais

Felipe Torres- Do Hoje em Dia
Publicado em 18/07/2012 às 07:25.Atualizado em 21/11/2021 às 23:38.
 (Reprodução/Eugênio Moraes)
(Reprodução/Eugênio Moraes)

“Meu pai me contava que quando Atlético, América e Cruzeiro vinham em Barão de Cocais, a cidade parava. A festa começava logo pela manhã e se estendia até a noite. E jogar no nosso estádio era duro para qualquer adversário”, conta Geraldo de Oliveira, 65, roupeiro do Metalusina Sport Club. O “Firrinho”, como é conhecido no município da Região Metropolitana de Belo Horizonte, mostra dedicação total à equipe júnior do Tucano, a única categoria restante da agremiação. Porém, não esconde a vontade de ver o time novamente na rota dos grandes do futebol mineiro.

O Metalusina nasceu do esforço de Alencar Peixoto, então engenheiro da Companhia Brasileira de Usinas Metalúrgicas, hoje Gerdau. Ele queria aproveitar o potencial esportivo dos trabalhadores da siderúrgica e também garantir o lazer da turma. O interessante é que o clube existia antes da data oficial da sua fundação: 24 de março de 1939. Tanto que em junho de 1936, os sócios se reuniram para reerguer o Metalusina, que havia interrompido suas atividades. Nesta fase, Peixoto seguiu como presidente de honra e coube a Amable Rodriguez o posto de dirigente máximo.

Terceiro lugar

Mesmo não tendo conquistado títulos no profissional, o Tucano – mascote criada pelo famoso chargista Fernando Pieruccetti, o “Mangabeira” – coleciona passagens inesquecíveis pelos gramados de Minas. A maior delas é certamente o honroso terceiro lugar (empatado com o América) no Campeonato da Cidade, disputado de 1915 a 1957.

“Isso prova o quanto o Metalusina era competitivo. Formávamos verdadeiros craques e esquadrões”, lembra o atual presidente, Antônio Carlos de Oliveira, 53, o “Tareco”, funcionário da Gerdau. Nos dois últimos duelos dessa competição, a torcida do combinado de Barão de Cocais vibrou como nunca. Contra uma formação mista do Cruzeiro, no dia 5 de outubro de 1947, a equipe fez a festa no Estádio Alencar Peixoto, ao derrotar o oponente, por 2 a 1. Pinguela e Edgar marcaram os gols do Metalusina. Renato descontou para os visitantes.

Quase uma semana depois, o Tucano se deslocou a BH e encarou o Sete de Setembro. A vitória (5 a 2) garantiu os 14 pontos na classificação, sete a menos que o campeão Atlético e a dois do vice Villa Nova. O artilheiro do Metalusina foi Bororo, com oito gols.
Os tempos de notoriedade começaram a ruir em meados da década de 1950. A Companhia Brasileira de Usinas chegou a anunciar que não bancaria mais o clube e extinguiria o profissionalismo.

O fôlego do Metalusina durou até as temporadas de 1964 e 1965, período em que participou da Segunda Divisão do Mineiro. Sem o dinheiro da siderúrgica, a agremiação passou a se dedicar apenas ao esporte amador.


“O Metalusina vive, hoje, dos seus 70 sócios, que pagam R$ 8 por mês, de parcerias e de ajuda da prefeitura. Agora, por exemplo, o Roberto Carlos Ribeiro, ex-goleiro do Cruzeiro, mantém o grupo do nosso júnior e arca com todos os custos. Em caso de venda de atletas, ganhamos uma porcentagem”, afirma Sebastião Messias, 53, o Gregorinho, conselheiro e ex-presidente.


“Não temos nem empregados. Os amigos e familiares e a prefeitura se juntam nos cuidados à estrutura do estádio. Tudo em prol do nosso Tucano”, completa Gregorinho.

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