Seleção garimpa jovens talentos no basquete para o futuro

Émile Patrício - Hoje em Dia
04/03/2013 às 09:41.
Atualizado em 21/11/2021 às 01:32

(Ricardo Bastos)

O técnico da seleção brasileira, o espanhol Rubén Magnano, esteve atento durante toda a semana. Desde a última terça-feira, ele observou jogadores na fase final da Liga de Desenvolvimento do Basquete (LDB), competição nacional sub-22, de olho em futuras convocações, inclusive para as Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016.

Criado no ano passado, o torneio já é considerado uma conquista da modalidade e tem revelado jovens talentos nacionais. Ao todo, 18 times participaram das disputas, encerradas no domingo (3).

Ao assumir a seleção, em 2009, Magnano se tornou o responsável por fazer renascer o sonho brasileiro de uma medalha olímpica – parou nas quartas de final dos Jogos de Londres, após 16 anos de ausência na competição. Mas recuperar o prestígio do time não foi tudo. O treinador está rodando o país para avaliar jogadores e conhecer o trabalho de base.

Tudo isso, pensando na transição que a equipe adulta irá sofrer no ciclo até 2016. “No interior paulista e na capital federal, pude fazer minhas observações dos atletas que podem vir a integrar as próximas convocações e defender o Brasil”, explica Magnano.
“Pude conversar com alguns jogadores sobre o calendário da seleção brasileira em 2013. Esse é um trabalho que tenho feito desde que assumi o comando da equipe nacional”, acrescenta o treinador, que, ao chegar ao Brasil, fixou moradia em São Sebastião do Paraíso, no Sudoeste mineiro, sede do Desenvolvimento do Basquete Brasileiro, para acompanhar as seleções Sub-19 e a Sub-17.

A cidade sediou a LDB no ano passado, inclusive com a participação do time local, o Paraíso Basquete. “Não sei como estava o basquete nacional antes da minha chegada. Mas acho que os clubes saíram de uma inércia, e sinto uma movimentação positiva”, acrescenta.
Ele enfatiza, porém, que ainda é preciso muito trabalho na base. “Não temos que pensar só em 2016, mas no futuro. Um atleta não se forma em quatro, cinco anos. Se faz com um trabalho ao longo do tempo. Temos que massificar o basquete no país, criar oportunidades para que os jovens possam competir”, resume o comandante.

O principal desafio da seleção na temporada 2013 será a Copa América, disputada em Caracas, na Venezuela, entre os dias 30 de agosto e 11 de setembro. Os quatro primeiros classificados na competição ganham vaga na Copa do Mundo da Espanha, em 2014.

Revelações no grupo principal

Ao todo 19 equipes, sendo duas de Belo Horizonte, disputaram a Liga de Desenvolvimento do Basquete (LDB) neste ano. O Minas Tênis Clube foi eliminado nas quartas de final, e o Ginástico, que tenta voltar ao cenário nacional, não se classificou aos playoffs finais.
Apesar do desempenho, o técnico da equipe adulta do Minas, Raul Togni, ressalta a importância da competição. “Serve para revelar novas possibilidades para que a gente, do adulto, sinta segurança em inserir o jogador juvenil no time principal. Ele ganha mais rodagem e aprimora a parte técnica. É uma grande chance que eles têm nas mãos”, pontua.

O treinador já vem utilizando três garotos da base do Minas que estiveram na LDB. Ele elogiou o armador Henrique, de 19 anos, e os alas Danilo Fuzaro e Leonardo Demétrio, ambos com 18. “O Henrique é um armador que está sendo importante para nós nos treinos. E, com certeza, veremos o Leonardo se destacando na próxima edição do Novo Basquete Brasil (NBB), a competição nacional. É um jogador de muita qualidade. Além do Danilo, que tem um potencial incrível”, destaca.

Danilo participou, no fim de semana, do Jogo das Estrelas, junto com outros destaques nacionais. Além dele, o também jovem Bruno Irigoyen, de 20 anos, representou a equipe minas-tenista.

Irigoyen é outro exemplo de atleta da base que ganhou destaque na LDB. Em 2011, na primeira edição, alcançou visibilidade e foi convocado pelo técnico da seleção brasileira, Rubén Magnano, para disputar o Pan-Americano de Guadalajara.

Hoje ele é um dos nomes conhecidos na equipe principal do Minas no NBB. “Às vezes, ficamos limitados a contratações de grande nome, estrelas, devido a condições financeiras. Descobrir novos talentos e trabalhar a base é fundamental para a manutenção dos times”, conclui Togni.

Intercâmbio e troca de experiências

Uma das equipes que não disputa o Novo Basquete Brasil (NBB) e que foi convidada a participar da competição sub-22, a Liga de Desenvolvimento do Basquete (LDB), é o São Luís Basquetebol Clube, do Maranhão. Um projeto que nasceu em 2007 e, no futuro, quer fazer parte do principal campeonato da modalidade no país.

A equipe encerrou o torneio sem nenhuma vitória. Mas o resultado é o que menos interessa, conforme ressalta o técnico Hermílio Nina. “Já esperávamos por isso. Nosso principal objetivo aqui é o intercâmbio, é propiciar troca para que esses meninos possam evoluir. Neste ano, viemos com uma equipe bem jovem, a base é sub- 19, e temos alguns garotos até do sub-17. Mas, no Maranhão, não temos a oportunidade de enfrentar equipes do eixo Rio-São Paulo”, argumenta.

Portanto, Nina observa que fazer parte da LDB foi um grande privilégio. “A gente espera poder voltar e que, no ano que vem, possamos nos preparar melhor e trazer um time mais forte”, completa.

O treinador acredita que a ausência de interação é o grande problema do basquete nordestino. “Falta de intercâmbio é o maior entrave ao crescimento por aqui. Na região, temos a Copa Nordeste, mas falta um intercâmbio maior com outras regiões do país e, principalmente, na base. Essa troca tem que começar bem cedo”, finaliza.

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