Quando Heber Roberto Lopes levar o apito à boca às 17h de amanhã, o Independência estará com os olhos fixos na disputa mais aguardada do Campeonato Brasileiro. Entretanto, por trás da técnica de Renato Augusto, da velocidade de Luan, da confiança de Tite e da esperança de Levir Culpi, está uma desigualdade entre os rivais da taça que vai além dos oito pontos na classificação.
No futebol moderno, a máxima “dinheiro não traz felicidade” está sempre em posição de impedimento. Num mercado cada vez mais profissional e inflacionado, os grandes títulos são frutos de investimentos. O mais rico (quase) sempre será o campeão. Mas a fé do atleticano garante que o time pode ser mais uma exceção a essa regra.
“Cotas de TV, patrocínio, bilheteria, etc. É quase o dobro de diferença (entre o faturamento de Galo e Corinthians). Está igual a Espanha (Campeonato Espanhol polarizado entre Real Madrid e Barcelona)”, diz o diretor financeiro do Atlético, Carlos Fabel, vislumbrando, por outro lado, um futuro melhor.
Questionado se a tendência da situação é piorar, ele mostra otimismo: “Acredito que não. Há uma forte pressão para que aconteçam mudanças”.
São 50 milhões a mais para os cofres paulistas só no repasse da cota dos direitos de transmissão do Estadual e da Série A, feitos pela Globo. O Timão faz dupla com o Flamengo como a equipe que mais recebe da TV.
Por outro lado, parte desse abismo também é resultado de estratégias adotadas pelos clubes. E o palco do confronto de logo mais é um “culpado”. Por escolher o Independência, o Galo praticamente reduz em 50% a renda líquida que teria em um jogo de grande público no Mineirão.
Os postulantes a campeão fizeram 16 jogos como mandante. E a capacidade da Arena Itaquera, com 25 mil lugares a mais que o Horto, abre R$ 10 milhões de vantagem no bolso do clube paulista.
Outro aspecto que simboliza a distância de Galo e Corinthians é o sócio-torcedor. O Atlético está perto da marca de 50 mil associados, sendo apenas 1/3 do número do Timão, que se orgulha em só perder para o Internacional no Brasil.
O caminho imediato para minimizar a diferença de riqueza está justamente na disputa do Brasileirão. O campeão é premiado com R$ 9,2 milhões, enquanto o vice “só” leva pra casa R$ 6,3 milhões.