Sonhando com a Fórmula 1, mineiro Sérgio Sette Câmara testa Toro Rosso em Silverstone

Rodrigo Gini
rgini@hojeemdia.com.br
Publicado em 13/07/2016 às 06:01.Atualizado em 16/11/2021 às 04:16.

Ainda ontem ele percorria os primeiros metros com um kart – era tão novo que precisava da ajuda de dois pedaços de madeira para alcançar os pedais. Na época, apenas se divertia e não pensava numa carreira profissional, muito menos na F-1. Mas aí, vieram as vitórias e títulos, a evolução, a certeza de que levava muito jeito para a coisa. E as etapas superadas no difícil funil que separa os milhares de aspirantes de uma das raras vagas no circo.

Aos 18 anos, Sérgio Sette Câmara é a principal aposta de renovação brasileira na categoria. E o mineiro terá uma chance de ouro para deixar uma boa impressão hoje, no circuito inglês de Silverstone, quando participará dos treinos extraoficiais da F-1 a bordo da Toro Rosso STR11 Ferrari. Para alguém que está acostumado aos 240cv de um motor de Fórmula 3 e terá de lidar com o triplo da potência, muito mais ajustes e sistemas, é um salto ousado, mas, que, se superado como espera a equipe-satélite da Red Bull, será um tremendo cartão de visitas e um passo gigante rumo ao sonho (veja a arte abaixo).

E o que o time sediado em Faenza (Itália) quer do piloto de Belo Horizonte é a rápida adaptação ao carro, capacidade de ajudar no seu desenvolvimento e cumprir a programação prevista. Nada de preocupação com o cronômetro, aspecto pouco relevante nessas circunstâncias, em que as equipes andam com pneus e quantidades diferentes de combustível no tanque.

Preparação

Maturidade de veterano para não se impressionar com as circunstâncias Serginho já mostrou de sobra – vai dividir a pista com titulares como o campeão mundial de 2007 Kimi Räikkönen (Ferrari), Valtteri Bottas (Williams), Pascal Wehrlein (Manor) e Jolyon Palmer. Quando disputava o Europeu e o Mundial de Kart na categoria júnior, ele contava com a ajuda de um piloto mais experiente para conversar sobre a telemetria com o engenheiro – um deles, o monegasco Charles Leclerc, andou ontem com a Ferrari – mas dispensou o intermediário. E com obsessão de quem sabe onde quer chegar, tem feito desde então um intenso programa de preparação e treinos.

Hoje, em sua segunda temporada no Europeu de F-3, integra o programa de jovens talentos da Red Bull, o mesmo que identificou e apadrinhou Sebastian Vettel, Daniel Ricciardo e Max Verstappen. E depois dos pódios do ano passado, já voltou a beber champanhe na temporada. E ganhou a chance de comandar o carro de F-1 com que Vettel foi campeão em 2012 numa exibição para a equipe do touro vermelho, na Espanha. Além disso, se preparou para a grande ocasião no simulador.

"Estou bastante animado. A equipe confirmou que nossa programação terá muitas voltas, estou aproveitando a oportunidade para aprender o máximo possível. Eles pediram um pouco de cuidado nas primeiras voltas, sei que não posso me empolgar de cara, espero pegar a mão do carro pela manhã para, à tarde, me concentrar em ser mais rápido".

Minas na Fórmula 1

Ao todo, três pilotos mineiros (todos de Belo Horizonte), comandaram um F-1 como titulares ou pilotos de teste. Alex Dias Ribeiro disputou 20 GPs (largou em dez deles) em 1976, 77 e 79. Bruno Junqueira foi reserva da Williams em 1999, e Cristiano da Matta defendeu a Toyota em 2003 e 2004 – correu 28 provas e somou 13 pontos.

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