'Tenho conhecimento e experiência suficiente para saber o que devo fazer', diz Mano em coletiva

Alberto Ribeiro - Hoje em Dia
04/09/2015 às 13:48.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:38
 (Pedro Vilela)

(Pedro Vilela)

"Trabalho não vai faltar", avisou Mano Menezes. Contratado com a missão de livrar o Cruzeiro do rebaixamento para Série B, o treinador chegou, na manhã desta sexta-feira (4), sem classificar grandes objetivos, mas com a promessa de muito empenho e de tirar o time celeste da incômoda 15ª posição do Campeonato Brasileiro. O gaúcho, de 53 anos, será o terceiro treinador do clube na atual temporada, depois de Luxemburgo e Marcelo Oliveira.

Em sua primeira entrevista coletiva, o técnico já garantiu que será o último a ocupar o cargo em 2015. “Vou ser o último (técnico) na temporada. Já acertei com o presidente e o diretor que vou ser o último na temporada. Tenho conhecimento o suficiente e experiência para saber o que devo fazer nesse momento”, declarou o comandante.

"Não adianta ficar pensando nos outros sem pensar no Figueirense. Disse isso aos jogadores depois que se construiu a vitória diante da Ponte Preta. O Figueirense é um adversário duro.Os jogos das 11h têm sido difíceis para os mandantes, porque você sempre imprime um ritmo mais forte. Então temos que  aproveitar essa oportunidade, ser uma equipe madura para construir uma vitória, porque ela vai valorizar o que fizemos em Campinas. É contra um adversário que está muito próximo em termos de classificação", emendou o treinador, se referindo ao seu primeiro compromisso no time, contra o Figueirense, domingo, às 11h, no Mineirão.

 

Confira a primeira entrevista:

 

Passagem em 1997

O clube que me proporcionou em 1997 o primeiro estágio com um técnico profissional de futebol, quando estava aqui o Paulo Autuori e, no ano que, coincidentemente, o Cruzeiro conquistou o bicampeonato da Libertadores. É uma relação de respeito, admiração, gratidão e que esteve junto dos motivos pelos quais assumi essa responsabilidade tão pronto quanto recebi o convite.

 

Libertadores de 1997

Nós, treinadores, acreditamos em trabalho, mas um pouco de sorte ajuda, não tenha dúvida. As coincidências comprovam e esperamos coisas boas.

 

Momento do Cruzeiro

Atravessamos uma dificuldade de tabela. É o que temos que resolver a principio. Futebol é dinâmico e temos que dar respostas rápidas para esse dinamismo dele, respostas como a equipe teve que dar na quarta-feira em Campinas e precisa continuar dando nos jogos seguintes, contra Figueirense, Flamengo e Atlético Mineiro. Senti um grupo ansioso por melhora, com bom potencial. É isso que me faz acreditar que vamos ter capacidade de dar as respostas que o torcedor espera que a gente tenha que ter.

O Cruzeiro tem uma emergência para resolver. Ele não pode ficar na colocação que está no Campeonato Brasileiro. É bem verdade que isso que está acontecendo com o Cruzeiro aconteceu com outras equipes vencedoras. Às vezes, um grupo muito parecido encontra obstáculos que faz correr caminhos diferentes. Essa é uma coisa da intimidade, que se comenta publicamente. Costumo trabalhar com transparência com os jogadores para que, em um curto espaço de tempo, a gente possa se recuperar.

 

Tempo fora do futebol

Há algum tempo eu gostaria de fazer o nível 4 da Uefa e não havia condição de fazê-lo por estar trabalhando, porque o curso exige uma dedicação integral de 45 dias, com aulas de 9h da manhã às 20h. Eu fiz em Portugal, também pela questão da língua. Eu me programei para executar essa minha intenção no mês de maio. Como sobrou um tempo antes disso, eu fui estudar um pouco de inglês, uma barreira que o técnico brasileiro tem e precisa melhorar. Acompanhei futebol mundial, vi as tendências, tentei ver tudo aquilo que está acontecendo com o futebol brasileiro neste momento para atender a nova expectativa que se criou no futebol brasileiro. Todos falam em futebol ofensivo. Algumas equipes costumaram fazer isso, como o Cruzeiro fez nos últimos dias. Tinha que me preparar melhor como treinador para oferecer aquilo que o nosso torcedor quer ver.

 

Desafio de assumir o Cruzeiro

Técnico de um modo geral não foge de desafios desse tamanho e num clube da grandeza do Cruzeiro e num clube que te propõe fazer um trabalho um pouco mais longo. É um tempo suficiente para construir algo mais permanente. Temos que passar pelos clubes e deixar algo. Em duas temporadas e quatro meses, é possível construir algo para deixar ou juntar tudo isso que o Cruzeiro tem como estrutura, que é diferenciada em termos de Brasil. Temos muitas coisas boas, porque senão fica parecendo que temos que construir tudo. Temos que aceitar que é necessário melhorar e construir algo para o futebol brasileiro. Temos que ter esse entendimento por parte de vocês, da imprensa. Temos que nos unir se realmente queremos um futebol melhor, como um todo.

 

Conhecimento do grupo do Cruzeiro

Temos um conhecimento de todos os jogadores que atuam no mercado nacional, temos a obrigação de fazer isso. Acompanhar, fazer relatório de jogadores. Temos um membro da comissão técnica que fazia parte da comissão técnica anterior, que é o Deivid. Logicamente, vamos contar com as informações internas para pular etapas, porque não temos tempo para fazer tantas observações. Quero definir o mais rápido possível a forma de a equipe jogar, mas sempre em cima de uma maneira que possa fazer um rodízio com uma ou outra peça. Vou dar a eles essa segurança, espero tomar as decisões corretas para que possamos fazer a coisa certa num curto espaço de tempo. Em termos de jogos, é um período que funciona muito pouco o treinamento. Isso faz parte do entendimento de como se deve treinar. Não se pode perder um minuto fazendo algo que não acrescente nada. Os jogadores vão, a partir dessa situação, encontrar uma capacidade de crescer juntos.

 

Escalação na estreia

Vamos trabalhar taticamente amanhã (sábado) e tentando ser o mais coerente possível com aquilo que falei. Vai existir uma intenção de manutenção, bastante próxima daquela equipe que jogou em Campinas, para aliar discurso à atitude. Senão fica incoerente.

 

Problema ofensivo

Gosto muito de equipes ofensivas e gosto que a bola fique longe do nosso gol. Meus batimentos cardíacos ficam melhor, mas não consigo combinar isso com meus adversários. O futebol não é uma ciência exata que você consegue planejar e fazer tudo dentro de campo. Nesse momento, era a característica daquele grupo. O clube tem outra cultura de futebol e eu penso que o técnico deve respeitar a cultura do clube. Faz parte do técnico respeitar as características e fazer aquilo que o torcedor do Cruzeiro gosta de ver dentro de campo. Construir vitórias é fundamental para que você possa evoluir.

 

Postura contra o Figueirense

O futebol de hoje está apoiado em alguns pilares e um deles é a intensidade. A equipe precisa trabalhar todos os dias com intensidade. Esta história de que treino é treino e jogo é jogo acabou há muito tempo. Não tem como fazer no domingo intenso se você treina fraco na segunda, na terça. Podemos não fazer durante os 90 minutos, mas temos que fazer durante uma parte do jogo. Vamos jogar contra um adversário que esteve em campo na quinta-feira e temos que tentar tirar proveito disso.

 

Novas metas

Quando ela passar vamos fazer uma nova entrevista e faremos uma nova meta. Não adianta fazer projeções futuras aqui. Futebol não é assim. Fizemos planejamento no início da temporada, mas não adianta perder o foco. Já vi muita gente ganhar dois, três jogos, falar em Sul-Americana, G4 e depois voltar. Vamos traçar um foco. Depois vamos pensar nisso.

 

Fábio

Se eu não estiver enganado, eu convoquei o Fábio, uma vez. Temos grandes jogadores no futebol brasileiro e grandes goleiros e o Fábio está entre os grandes goleiros. Tomar decisões na hora de convocar é muito difícil. Não é uma posição fácil. Não é uma posição que você fica fazendo trocas a todo momento. Estávamos procurando um goleiro que tivesse esse perfil, que pudesse ficar um período longo na seleção brasileira. Tanto que depois da minha saída, o Felipão levou o Julio Cesar, um goleiro com idade bastante avançada. O mais importante é a pessoa saber que, do outro lado, quem está tomando a decisão está da melhor maneira possível.

 

Paulo André

Não tivemos nenhuma turbulência no Corinthians e nenhuma conversa especial quando cheguei aqui. Não deixo ninguém ficar entre o técnico e o treinador. Quando surgiu uma proposta para o Paulo André sair do Corinthians, nós conversamos. Estávamos iniciando uma renovação e tomamos a decisão que interessava ao Paulo e ao Corinthians. Sempre conduzo essas situações dessa forma, com raras exceções. Às vezes, o jogador não quer. Ele tem o direito de não querer. Às vezes, eu não quero, tenho o direito de não querer.

 

Conhecer o elenco

Essa é a obrigação do treinador de futebol. Tento passar para os meus jogadores todos os detalhes, características. São jogadores que jogam nos principais clubes do Brasil. Aqui, estão jogando nada mais nada menos que no bicampeão brasileiro. Eu tenho obrigação de conhecê-los.

 

O que mudar

Você me permite não tratar dessa questão de uma forma não tão objetiva, porque pode acarretar em criticas e manchetes que podem desrespeitar o Vanderlei. Serão pequenas alterações para dar tranquilidade ao jogador, mas elas serão para respeitar a cultura do Cruzeiro. A equipe tinha uma ideia de jogo, era uma ideia muito clara, fez excelentes resultados e vamos perseguir isso. Vamos obedecer as características diferentes.

 

Leandro Damião

Esses jogadores, mesmo não atravessando um grande momento, são goleadores por natureza. Eu penso que respeitar as características deles é a parte principal. Se utilizá-lo como o atacante principal do Cruzeiro, tenho que entender que o tipo de bola que se oferece para o Damião é diferente da que se oferece para o Vinícius ou para o Marinho. Isso não acontece só na palestra, falando. Você precisa repetir para que se possa tirar melhor de um atacante como ele. Mesmo assim, ele já tem 16 gols na temporada. Mesmo não atravessando um grande momento, ele tem números significativos.

 

Diretor de futebol

Embora eu tenha muitos amigos no meio do futebol e que executam essa função, se alguém do Cruzeiro, o presidente ou o Bruno, me perguntarem a opinião sobre esses profissionais, eu darei minha opinião, mas eu jamais indicarei um profissional para assumir a direção de futebol. Essa não é a função do técnico. O diretor-executivo fica entre a direção e o técnico e acima do técnico.

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