Times importantes repetem os mesmos treinadores de 19 anos atrás

Alberto Ribeiro, Frederico Ribeiro e Guyanne Araújo - Hoje em Dia
Publicado em 30/07/2014 às 08:06.Atualizado em 18/11/2021 às 03:34.

Vale a pena ver de novo. Nos capítulos do futebol brasileiro, cenas que se repetem comprovam a falta de renovação dos treinadores. A frase “o bom filho à casa torna” nunca foi tão usada. Decorridos quase vinte anos, dirigentes de cinco grandes times nacionais ignoraram a necessária revitalização de ideias e se inspiraram em páginas passadas para escolher os técnicos de suas equipes.

O último deles foi Felipão, que foi oficializado pelo Grêmio, nessa terça-feira (29), após o fracasso na Seleção Brasileira. A própria CBF segue o mesmo caminho, ao dar nova chance para Dunga.

Atlético, Internacional, Flamengo, São Paulo e Grêmio. Em 1995, esses clubes das quatro principais regiões do futebol (Porto Alegre, Belo Horizonte, São Paulo e Rio) eram treinados exatamente pelos seus atuais comandantes: Levir Culpi, Abel Braga, Luxemburgo, Muricy Ramalho e Luiz Felipe Scolari, respectivamente.

Todos eles já conquistaram títulos em outras épocas nos atuais clubes. Então, o pensamento dos cartolas é apostar no que já deu certo. Contudo, vão de encontro com a evolução de pensamento dentro do esporte que comandam.

Para o jornalista André Rizek, por exemplo, as duas partes da história possuem parcelas de culpa. O apresentador do Redação SporTv considera que os clubes não trabalham a paciência na formação de novos treinadores e os profissionais não demonstram interesse na reciclagem de métodos.

“Esse dado é muito interessante e significativo. O levantamento fala por si. Quase 20 anos depois e esses técnicos estão nos mesmos lugares. É a grande prova de que não há reinvenção, não tem nada de novo no Brasil, não há nenhuma vontade de se reciclar e se reinventar”, afirmou.

Outro dado interessante é que os treinadores citados já haviam vivido este processo de “matar a saudade”. Abel Braga, Vanderlei Luxemburgo e Levir Culpi, por exemplo, estão na quarta passagem no Colorado, Rubro-Negro e Galo, respectivamente. Já Muricy está no Morumbi pela terceira vez, assim como Felipão também treinará o Grêmio depois de duas estadas no time gaúcho.

“Não tiro a razão dos técnicos. É muito cômodo para eles. Os clubes acham que têm carta branca para se endividarem e pagarem salários estratosféricos”, disse Rizek.

Dança das cadeiras

Guto Ferreira e Argel Fucks são treinadores com pouco sucesso no futebol, mas simbolizam bem a dança das cadeiras a que a profissão está sujeita.

De maneira até bizarra, os dois viraram opções de Portuguesa e Figueirense. Um substituiu o outro nas duas equipes. Primeiro, a Lusa contratou Guto e o dispensou para trazer o ex-zagueiro. O mesmo ocorreu em Santa Catarina, clube onde Argel já havia feito um trabalho em 2012. E adivinhem para onde foi Guto Ferreira? O treinador foi apresentando na Ponte Preta, último time que comandou antes das passagens apagadas por Lusa e Figueirense.

Por outro lado

Apesar da coincidência de 2014 com 1995 simbolizar a mesmice no pensamento dos cartolas, há times que buscam novas mentalidades. O Sport Recife, por exemplo, apostou no novato Eduardo Baptista e faz uma campanha surpreendente na Série A do Brasileirão.

Israel Teoldo, coordenador do curso de especialização em futebol da Universidade de Viçosa (UFV), afirma que há o interesse de emergentes profissionais do esporte em se especializarem. “Vejo que os treinadores buscam formação. Mas essa nova geração precisa ter oportunidade”, comentou.

Treino aberto para apresentar Felipão

Luiz Felipe Scolari e a torcida do Grêmio já têm hora para se reencontrar, 18 anos depois da saída do técnico do clube: às 15 horas desta quarta-feira (30). Será quando o novo treinador do tricolor comandará o primeiro treino. A atividade ocorrerá na Arena do Grêmio e será aberta à presença de torcedores, que terão acesso à geral do estádio.

O acerto de Felipão com o Tricolor ocorreu no início da tarde dessa terça-feira (29), após reunião entre ele e o presidente Fábio Koff, em São Paulo. Ainda não está definido se o técnico comandará o Grêmio no sábado, contra o
Vitória, em Salvador.

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