À paisana, com camisas pretas em punho, dois amigos esperavam no tradicional “Bar do Peixe” a chegada do ônibus que conduziria o Atlético ao Mineirão. Entre um gole e outro de cerveja, os “Rodrigos” Abreu e Patrício, de 29 e 27 anos, respectivamente, traduziam bem a confiança da torcida atleticana antes da bola rolar.
Rodrigo Abreu é analistas de sistemas. Ele veio ao Mineirão graças a promessa dada à sua esposa de que não viria com sua “farda” alvinegra no peito, uma vez que comprou ingresso para o setor coorporativo da Minas Arena, local onde atleticanos e cruzeirenses se misturam neste domingo. Para ele, o importante é acompanhar seu Galo. E desde já, promete a festa da mesma forma, com ou sem torcedores rivais ao lado.
“O que importa é que sairemos campeões hoje. Hoje é dia de festa. Não ligo se vai ter um ou outro cruzeirense, afinal, ali no setor Minas Arena deve ter 90% de atleticanos. Vamos da volta olímpica aqui e depois na sede”, afirmou Abreu, se referindo à uma possível comemoração de um título por parte dos atleticanos.
Já Rodrigo Patrício, seu amigo que é chef de cozinha (ou químico, como Abreu insistiu), demonstrou otimismo desde já. “Vai ser três a zero para o Galo. Vamos estar em menor número, mas vamos gritar mais que os 50 mil cruzeirenses”, completa.
A avenida Abrrão Caraan, uma das principais vias de acesso ao Mineirão, ficou divida. Do lado direito, de quem “sobe” para o Gigante da Pampulha, o que se via eram torcedores atleticanos se encaminhando para o estádio. Do outro, onde se localiza a UFMG, um mar azul tomava conta da pista. Em meio a provocações e gritos de guerra mostrando confiança em seu time, os cruzeirenses se encaminhavam ao grande palco do futebol mineiro, fazendo um belo contraste por quem passava ali.
Foi o caso do administrador de empresas Rafael Abraão, de 58 anos. Com seus três filhos e amigos, ele caminhou rumo ao estádio despreocupado com a violência. Segundo ele, houve as peculiares provocações, mas nada que assustasse. “Foi tranquilo (a chegada). Claro que alguns trocaram provocações, mas é normal. O importante é que não houve nenhum tumulto”.
Ao lado de seus três filhos, Rafael mostrou um certo otimismo com a partida, mesmo reconhecendo uma pequena superioridade rival. “Sei que vai ser um jogão. Claro que o Atlético é favorito, pelo o que conquistou até aqui, uma boa vantagem. Mas é possível, sim, conquistarmos esse título. Já enfrentamos outras adversidades. O time é forte”, avaliou.
E Rafael deposita suas esperanças justamente em um jogador que teve passagem pelo rival: Diego Souza. Segundo ele, o camisa 10 celeste tem tudo para “arrebentar”. “Ele precisa de motivação. E hoje tem isso. Estou confiante, acho que vai desequilibrar”, completou.