ASSUNÇÃO – Sentado na primeira fila de cadeiras do acanhado estádio do General Caballero, com capacidade para apenas 2.500 pessoas, Salvador Cabañas se emocionou. O atacante relembrou a época em que era ídolo da seleção paraguaia, falou do crime que quase custou a sua vida e sonhou com o futuro.
 
Como está sendo este recomeço na carreira?
 
Está indo muito bem. Estou treinando aqui no General Caballero, que me deu a oportunidade de jogar novamente. Estou muito feliz e grato por esta nova chance. No ano passado, eu estava no 12 de Octubre, mas não renovaram meu contrato. Agora, em 2013, comecei a treinar aqui, o que me deixou muito satisfeito.
 
Como está sua vida hoje em dia?
 
Tenho três casas no Paraguai e fico dividido. Hoje em dia, vivo com meus pais numa cidade chamada Itaguá, no interior do país, a cerca de 45 minutos de Assunção. Eles estiveram sempre comigo. Tenho dois filhos, que vivem com a mãe.
 
Fora do futebol, o que você gosta de fazer?
 
Minha vida é o futebol. Fora disso, não faço nada demais. Quando não estou treinando, o que costumo fazer é estar com os meninos de uma escolinha de futebol que tenho atualmente. Temos cerca de 180 crianças, e alguns jogadores vão treinar com a gente. Espero que um dia eles consigam conquistar o que eu consegui.

Você é um exemplo para os outros jogadores do General Caballero. Como isso é para você?
 
É muito bom para mim também estar perto deles. Está muito tranquilo. É bom que os meninos vejam de perto o que é um futebolista e o que pode conseguir um futebolista. Tomara que um dia eles sejam grandes jogadores também. Posso passar muita coisa que vivi para eles. Querem sempre saber como era a minha vida de jogador e estamos sempre conversando e dividindo esta experiência.
 
Como está sua recuperação?
 
Já terminei toda a parte médica. Os médicos até tinham me impedido de jogar, mas há muito tempo. Agora, quero terminar a recuperação da parte física e quem sabe um dia voltar à seleção paraguaia.
Então, ainda espera jogar pela seleção paraguaia.
 
Tudo o que eu mais quero é voltar a vestir a camisa da seleção paraguaia, mas também já estou planejando a minha aposentadoria. Já joguei muito, fiz muitas coisas pelo futebol e conquistei muitas coisas. Agora estou focado no meu clube, mas sonho muito com a seleção.
 
Sua recuperação foi um milagre?
 
Acho que sim. E agradeço muito todas as pessoas que rezaram por mim. Por isso, estou aqui hoje, recuperado e voltando a jogar futebol.
 
Você se lembra de tudo?
 
Me lembro muito bem de tudo que aconteceu naquele dia. Me lembro muito bem da pessoa que fez aquilo. Quando ele foi preso, me mostraram uma foto do suspeito, e eu não tive dúvida de que era aquele homem que atirou em mim. Ele foi preso, acabou saindo e parece que depois o mataram. Graças a Deus a minha vida continua.
 
Quem é o melhor do mundo na atualidade: Messi ou Neymar?
 
Não posso dizer quem é o melhor. O Messi é um grande atleta, tem muita habilidade, mais experiência. O Neymar é mais novo, mas também é um grande jogador. Gosto muito do futebol dele. O Ronaldinho sempre foi um excelente jogador também e ainda é. Já joguei várias vezes contra ele e eu gostava muito de vê-lo jogar.
 
Quem é o favorito para ganhar a Libertadores: Olímpia ou Atlético?
 
Prefiro não me meter nisso. Não sei quem seria o favorito. Espero que vença o melhor (risos).

*Enviado especial