Um Equador x Japão, visto dos camarotes, próximo a Cazares, me escancarou o talento desperdiçado

Alexandre Simões
@oalexsimoes
22/09/2020 às 18:03.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:36

(Bruno Cantini/Agência Galo/Atlético)

Em 1º de dezembro do ano passado, Cazares marcava seu último gol com a camisa do Atlético, exatamente sobre o Corinthians, seu novo clube, em partida válida pela 36ª rodada da Série A do Campeonato Brasileiro que foi disputada no Independência.

Com o resultado, o Galo afastou, matematicamente, qualquer risco de rebaixamento. Com o gol, Cazares precisaria apenas de duas bolas na rede para ultrapassar Lucas Pratto e se tornar o maior artilheiro estrangeiro da história do Atlético.Bruno Cantini/Agência Galo/AtléticoCazares comemora seu último gol pelo Atlético, exatamente sobre o Corinthians, que será o novo clube do talentoso meia equatoriano

O equatoriano chegou a 41 gols diante do Timão, contra 42 do argentino. É sem dúvida uma grande conquista colocar o nome na história de um grande clube como o Atlético, mas coisas muito maiores não motivaram Cazares, seria uma artilharia que faria isso?

E digo isso por uma cena que me veio à cabeça. É um retrato fiel de como o ex-camisa 10 atleticano desperdiçou um talento gigantesco.

Em 24 de junho do ano passado, convidado pela Conmebol, fui ao camarote da entidade no Mineirão ver Equador x Japão, pela fase de grupos da Copa América, que foi disputada no Brasil.

O jogo foi fraco, com o empate, a seleção equatoriana, que carecia de qualidade, foi eliminada, pois terminou na lanterna do seu grupo. E ainda atrapalhou a vida dos japoneses, que foram melhores, mas também caíram fora de um torneio onde eram convidados.

Pouco abaixo de mim, assistia à partida, nas cadeiras do Mineirão, Cazares. Sim, o camisa 10 do Atlético não foi nem convocado pelo técnico Hernán Gómez para a disputada da Copa América.

Lembrando o que vi Cazares fazer dentro de campo, desde o início de 2016, tinha a certeza de que ele seria titular daquele Equador com facilidade.

Recordando de tudo o que Cazares fez, fora das quatro linhas, e até dentro delas, quando se esperava comprometimento e ele não correspondeu, tive o diagnóstico do que motivou Hernán Gómez a não contar com o camisa 10 atleticano.

Foram quase cinco anos da gente esperando Cazares transformar seu talento extraordinário em diferencial. Ele fez isso algumas vezes, mas em jogos. A prova: deixa o Atlético, onde estava desde o início de 2016, com um Campeonato Mineiro conquistado em campo (2017) e outro já sem fazer parte do grupo (2020).

Ah, mas cobrar de um jogador só é covardia! Sim, é, mas a expectativa sempre foi de que o Atlético seria Cazares e mais dez. Em muitos momentos, o que aconteceu é que ele deixou o time com dez.

A prova disso é a gangorra que viveu, alternando titularidade e o banco de reservas em quase toda a sua passagem pela Cidade do Galo. Que ele seja feliz no Parque São Jorge. O futebol agradece!

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