Um pôster que insiste em não ir para a parede: forte nacionalmente, Cruzeiro perde espaço na América

Alexandre Simões
30/07/2019 às 22:45.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:47

(Vinnicius Silva/Cruzeiro)

A história cruzeirense neste milênio carrega duas marcas. O sucesso nacional do clube e os fracassos internacionais e de forma cruel, pois quase todos eles aconteceram dentro de casa. A derrota nos pênaltis para o River Plate, da Argentina, por 4 a 2, na noite desta terça-feira (30), que decretou a queda do time de Mano Menezes ainda nas oitavas de final, foi a nona eliminação, sendo que aí no meio há uma perda de título, nos domínios celestes, isso em dez participações na Copa Libertadores a partir de 2001.

Os anos 2000 surgiram com a Raposa levantando o tricampeonato da Copa do Brasil na final mais sensacional de todos os tempos, pois o gol do título, marcado pelo atacante Geovanni, de falta, saiu aos 44 minutos do segundo tempo.

A conquista garantiu a presença na primeira Copa Libertadores deste século. Um time de estrelas, dirigido por Luiz Felipe Scolari, aparecia como um dos favoritos, mas caiu nas quartas de final, diante do Palmeiras, no Mineirão, derrotado nos pênaltis.

A Tríplice Coroa de 2003 tem como feito maior a Copa do Brasil e a Série A conquistados na mesma temporada. Feito inédito e que a cada ano fica mais difícil de ser igualado pelo irracional calendário do futebol brasileiro.

Em 2004, o Cruzeiro voltou à Libertadores, mais caiu nas oitavas de final, diante do Deportivo Cali, da Colômbia, derrotado mais uma vez na disputa de pênaltis.
As façanhas nacionais deram um tempo, mas a participação na Copa Libertadores não. O clube voltou à competição em 2008 e começava aí uma trajetória de “freguesia” diante dos argentinos. A equipe dirigida por Adilson Batista caiu nas oitavas de final diante do Boca Juniors.

Em 2009, o golpe mais duro. A perda da final para o Estudiantes, com uma derrota de 2 a 1, de virada, dentro do Gigante da Pampulha, após empate sem gols, em La Plata, na partida de ida da decisão.

No ano seguinte, a única eliminação neste século fora de casa, diante do São Paulo, no Morumbi, nas quartas de final.

Barcelona das Américas

A maior sequência de participações do Cruzeiro na Copa Libertadores, quatro, foi estabelecida em 2011, quando o time comandado por Cuca sobrou na fase de grupos e passou a ser chamado de Barcelona das Américas.

Mas a alegria durou pouco, pois nas oitavas foi eliminado pelo Once Caldas, da Colômbia, com um 2 a 0, na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas, após ter vencido a ida por 2 a 1.
Em 2013 e 2014, o Cruzeiro se transformou no segundo clube fora do Eixo Rio-São Paulo a conquistar o bicampeonato brasileiro. Antes, só o grande Internacional de Falcão e companhia tinha conseguido isso, em 1975 e 1976.

As taças garantiram a volta à Libertadores, mais o clube ficou nas quartas de final. Em 2014, foi eliminado pelo San Lorenzo. Em 2015, após vencer a ida, no Monumental de Núñez, por 1 a 0, foi goleado pelo River Plate, em pleno Mineirão, por 3 a 0.

Hexa e bicampeonato inéditos

Os inéditos bi, em sequência, e hexa, no geral, da Copa do Brasil, em 2017 e 2018, devolveram o Cruzeiro à Libertadores. No ano passado, o time de Mano Menezes caiu diante do Boca Juniors, nas quartas de final.

Nesta terça-feira, o River Plate fez o Cruzeiro amargar mais um fracasso na Copa Libertadores. Neste século há ainda participações pífias na Sul-Americana, que o clube disputou em 2003, 2004, 2005, 2006, 2007 e 2017, isso sem contar a Copa Mercosul de 2001.

Definitivamente, como canta a própria torcida cruzeirense, “a história não mente, jamais vai mudar”. Neste milênio, em que acumula sete títulos nacionais, pois ganhou quatro vezes a Copa do Brasil e três a Série A do Campeonato Brasileiro, o pôster de um time campeão sul-americano insiste em não ir para a parede.

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