Uruguaio citado nos Panama Papers renuncia ao Comitê de Ética da Fifa

Estadão Conteúdo
06/04/2016 às 19:21.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:49
 (Divulgação)

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O uruguaio Juan Pedro Damiani, presidente do Peñarol, é o primeiro dirigente esportivo diretamente atingido pelos Panama Papers. Nesta quarta-feira (6), três dias depois da revelação dos primeiros documentos, ele renunciou à sua cadeira no Comitê de Ética da Fifa. Ele já era investigado por supostas "relações comerciais" com o ex-presidente da Conmebol Eugenio Figueredo, preso no ano passado em meio ao escândalo de corrupção na Fifa.

"Nos últimos dias, tentou-se manchar meu bom nome e minha boa reputação, da empresa que trabalho e dos profissionais que trabalham com elas, com verões sem fundamento, que tentam pôr em dúvida meu comportamento ético. Não faria bem à Fifa, a este Comitê, nem à transparência que tanto preguei no futebol, se eu não desse um passo atrás diante menor suspeita, por mais infundada que seja, com respeito à forma com que aconteceu", disse Damiani em seu comunicado.

Os Panamá Papers - exposição de uma série de documentos internos da empresa panamenha Mossack Fonseca, cuja especialidade era fabricar "offshores", ou seja, abrir empresas em paraísos fiscais - revelaram que a empresa de advocacia de Damiani atuou como intermediária na constituição de uma empresa ligada a Figueiredo e a dois outros homens acusados no escândalo de subornos na Fifa.

A documentação reforça a ligação dele com o agora ex-dirigente uruguaio, o que Damiani sempre negou. Figueredo foi preso na Suíça, formalmente acusado pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, e extraditado ao Uruguai para ser julgado no seu país. Em prisão domiciliar, admitiu que recebeu subornos.

"Nem a título pessoal, nem por meio de nossa empresa, mantive relação comercial alguma, nem realizei negócios com ou para o senhor Eugenio Figueredo", diz Damiani em sua carta de renúncia. Na segunda, a Fifa começou uma "investigação preliminar" para investigar as denúncias contra ele.

O caso é especialmente relevante porque Damiani vinha se colocando como referência de ética dentro do futebol sul-americano. De acordo com Joseph Blatter, o uruguaio foi um dos quatro membros do Comitê de Ética a votarem pela suspensão de oito anos ao agora ex-presidente da Fifa.
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