"Virada de mesa": uma incômoda mania brasileira

Alexandre Simões - Hoje em Dia
Publicado em 13/12/2013 às 08:19.Atualizado em 20/11/2021 às 14:46.
 (ANDRÉ MOURÃO/AGÊNCIA O DIA/ESTADÃO CONTEÚDO)
(ANDRÉ MOURÃO/AGÊNCIA O DIA/ESTADÃO CONTEÚDO)

Iniciado no Campeonato Brasileiro só no final da década de 80, o rebaixamento de clubes na competição nem sempre foi decidido dentro de campo.

O episódio envolvendo Fluminense, Portuguesa, Vasco e Flamengo, que ameaça a credibilidade da Série A de 2013, pode ser apenas mais um numa triste rotina de “viradas de mesa” nos últimos 25 anos.

A Copa União de 1987 foi criada sem nenhum critério técnico. A escolha dos 16 clubes que formariam a Primeira Divisão foi apenas financeiro, pois foram agrupados os 16 times de maiores torcidas do Brasil.

Em 1992, a Série A não teve rebaixamento, mas a Segundona teve o acesso de 12 clubes, entre eles o Grêmio. No ano seguinte, a Primeira Divisão foi divida em quatro grupos de oito clubes, sendo que apenas em dois deles, os que não contavam com os chamados “grandes”, houve rebaixamento.

A virada de mesa tradicional aconteceu em 1996. Fluminense e Bragantino foram rebaixados à Segundona, mas a descoberta de um esquema de manipulação de resultados, que envolvia até o chefe da arbitragem da CBF, Ivens Mendes, fez com que a entidade mantivesse os dois clubes na Primeira Divisão.

O argumento era de que a queda deles poderia provocar ações judiciais que prejudicariam o Brasileiro do ano seguinte.
O século passado foi fechado com mais um abalo na credibilidade do futebol brasileiro. Com a CBF passando por duas CPIs, uma na Câmara e outra no Senado, a entidade “abriu mão” de organizar o Brasileirão, passando esse direito aos clubes.

Foi criada a Copa João Havelange, que não respeitou nenhum critério técnico. E a marca da “virada de mesa” foi o Fluminense, que em 1999 tinha vencido a Série C, disputando a competição no grupo de elite, que correspondia à Série A.

Máfia do apito

A influência externa não foi decisiva apenas na briga contra o rebaixamento. Em 2005, na terceira edição dos pontos corridos, o episódio conhecido como Máfia do Apito foi decisivo para que o Corinthians conquistasse o título.

Foi descoberto um esquema de manipulação de resultados para beneficiar apostadores. Os jogos apitados por Edilson Pereira de Carvalho foram anulados e disputados de novo, o que favoreceu ao Corinthians, que brigava pela taça com o Internacional.

Um ano antes de sediar a Copa do Mundo, o Brasil vê a sua maior competição com a credibilidade novamente ameaçada, pois, para o torcedor, qualquer decisão do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) que interfira na classificação final da Série A será uma “virada de mesa”. 

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