GOVERNADOR VALADARES – O voo livre movimenta o céu e a economia da cidade do Leste do Estado. Durante a temporada, quase sempre de janeiro a março, comerciantes, donos de hotéis e restaurantes comemoram o expressivo crescimento no volume de vendas e negócios, percentual que pode chegar a 90%.
Mas também tem uma turminha que fatura alto na informalidade: são meninos carentes com idades entre 10 e 17 anos que ajudam os pilotos a dobrar e guardar os paragliders – ou parapentes – em troca de gorjetas. Alguns ganham até R$30 por dia.
As decolagens são feitas do Pico da Ibituruna, a 1.123 metros de altitude, e os pousos – dependendo da prova do dia – na área da antiga Feira da Paz, no Centro da cidade, onde todos os dias, dezenas de “dobradores” aguardam pelos “clientes”.
“Aqui é perto de casa. Dá tempo de ir à escola pela manhã e faturar um extra à tarde”, conta Guilherme Ferreira, de 15 anos. Há dois anos ele e os dois irmãos, de 14 e 17 anos, se juntam ao grupo que oferece o serviço aos pilotos.
“Gosto mais de ganhar dólar, mas o real é bem-vindo”, revela Ferreira que já conseguiu juntar dinheiro para comprar uma bicicleta usada. A “profissão” ele aprendeu com um veterano que agora é padeiro. “Tem que saber separar as linhas, dobrar, fazer direito. Aí nem precisa entender o que eles falam”, avisa Wallace Martins, de 17 anos. Como está na atividade desde pequeno, assegura que domina como poucos a arte de dobrar as velas.
“Ajudo em casa comprando o que a minha mãe pede” conta Pedro Henrique Rodrigues Azevedo, de 15 anos. O piloto Richard Gabrieli, da Hungria, gosta da ajuda dos “dobradores”. “Eles me ajudam e eu ajudo eles. É uma troca interessante”, analisa.
Busca das térmicas
Cento e vinte e três pilotos participam da 1ª etapa do Campeonato Brasileiro de Parapente que acontece de 1º a 7 deste mês em Valadares.
Mas vários outros, de costumes e nacionalidades diferentes, também estão na cidade em busca das térmicas que a tornaram conhecida internacionalmente como a “capital mundial do voo livre”. Juntam-se a eles acompanhantes, equipes técnicas e turistas de municípios vizinhos que chegam e partem todos os dias.
Serviços lucrativos
Levantamento feito pela prefeitura de Valadares em campeonatos anteriores apontou que durante a temporada os hotéis registram aumento de 40 a 70% de lotação acima do habitual. E que os bares e restaurantes também lucram quantia semelhante. No entanto, o Hoje em Dia encontrou quem fature mais do que isso com o voo livre.
“Todas as tardes um grupo de pilotos vem almoçar ou jantar aqui. Isso é muito bom para o restaurante, para o comércio”, conta a caixa de um restaurante que fica a poucos metros da área oficial de pouso, no Centro, Marilane Cristina dos Santos. “O movimento subiu 90%”, assegura .