Estiagem prejudica a pecuária e a agricultura na região

Jornal O Norte
31/01/2006 às 10:45.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:29

Valéria Esteves


Repórter


valeria@onorte.net

Pastos secos comprometem a vida do gado do Norte de Minas. O médico veterinário do Ima - Instituto mineiro em agropecuária, Denis Lúcio Cardoso diz já ter visto animais morrendo nas estradas por onde passou em visita técnica - como nas regiões de Salinas, Espinosa, Januária, Manga entre outras.

Com um pouco mais de 30 dias sem chuva, os pastos da região estão carentes de nutrientes. Para o professor da disciplina de Forragicultura e pastagens do curso de Agronomia da Unimontes, Virgílio Mesquita Gomes, o produtor deve se preparar para a estiagem antes mesmo de ela chegar; geralmente nos meses de janeiro ou fevereiro. E acrescenta: essa é uma característica do Norte de Minas.

Sobre a morte de animais na região, Virgílio diz apenas que não pode dizer com precisão sobre o fato, mesmo porque faz algumas semanas que ele não percorre a região.

Ele lembra que a região passa pelo processo de nome veranico que consiste da estação seca dentro de uma estação chuvosa com temperaturas altas e baixa umidade relativa do ar, mas que é previsível. O tempo requer paciência, já que o produtor tem que esperar as chuvas para que as plantas voltem a crescer.

ALTERNATIVA

O professor explica que o pasto precisa que o solo tenha água e nesse momento esse recurso da natureza está muito baixo. A saída para manter a boa alimentação do gado seria a silagem baseada de cana com uréia e nas propriedades que têm produção de tomate ou de outros alimentos pode-se fazer a polpa. Tudo para que o animal não fique desnutrido.

O veterinário Denis comenta que, o que pode ser visto é a infestação de pragas no campo, especialmente nos pastos.

- Os pastos estão com a cor amarelada indicando que está carente de nutrientes e precisando urgentemente de chuva - diz.

Denis diz ainda que a desnutrição e as doenças como a brucelose e a febre aftosa são as principais causas de mortandade de gado e os produtores devem se ater às medidas de precaução.

O Norte de Minas tem hoje um plantel de 2.270 milhões de cabeças de gado. O professor garante que há muito tempo a região não enfrentava um período tão longo de estiagem o que pegou muita gente de surpresa. O ideal é que o produtor utilize da alimentação alternativa com o uso de sal proteinado a base de farelo de sorgo, caroço de algodão no cocho.

Outra solução é para quem tem uma área de reserva nativa na propriedade. Virgílio assinala que as reservas ambientais das propriedades da região são ricas em leguminosas nativas, oportunidade em que o gado pode ficar à solta no pasto.

REBANHO DESNUTRIDO

O rebanho das regiões leste e oeste de Janaúba, segundo Virgílio Gomes está desnutrido, mas que os animais ainda não estariam morrendo. O mesmo tem acontecido em Patos de Minas. O tempo é de alerta.

- Os animais se satisfazem quando criados à solta e então é preciso apenas que o produtor suplemente a alimentação dos mesmos. A primeira opção é fazer a silagem de milho e sorgo colhidos em meados do mês de novembro a dezembro. A boa pedida também é aproveitar o que sobrou da cana-de-açúcar para incrementar os nutrientes.

No Norte de Minas as lavouras de milho tiveram uma redução estimada em 70%, um dado preocupante na visão da Emater e do professor. Essa época, a cultura do sorgo é que se favorece graças à sua resistência em agüentar um bom tempo sem água, o contrário do milho de sequeiro.

Especialistas e pesquisadores da área dizem que essa região não é propícia para o plantio de milho e que o recomendável aceitado pelo clima é a cultura do sorgo. Se o período de chuva se estabelecer as lavouras de sorgo ainda podem ser boas, sendo que a de milho tem poucas chances de vingar.

VARIEDADES

Na área experimental da Unimontes, em Janaúba, foram plantadas duas variedades de milho, desenvolvidas e cedidas pelo Consórcio tabuleiros costeiros de Aracaju, Sergipe; pela Embrapa milho e sorgo de Sete Lagoas e de Petrolina, Pernambuco.  

Conforme o professor as duas variedades, milho Catigueiro e Assum Preto foram plantadas na mesma época do sorgo. O constatado até o momento de longa estiagem é que a lavoura do milho está praticamente perdida, sendo que o sorgo pode produzir mesmo com o déficit hídrico.

As sementes que chegaram para o curso de agronomia vieram justamente quando não estava mais chovendo na região, o que dificultou o desenvolvimento dessas plantas. As sementes foram desenvolvidas no semi-árido nordestino.

SUPLEMENTO ALIMENTAR

Virgílio dá mais dicas quanto à alimentação dos animais. Outra suplementação que pode ser utilizada é o volumoso, que nada mais é do que uma mistura que leva cana, uréia, silagem e feno, uma planta desidratada aliado a pastagem a solta. Mas confessa que a alimentação saudável deve ser planejada dentro da propriedade.

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