Como a crise econômica do Brasil vai se prolongando e não se caracteriza mais como uma breve crise conjuntural, há um ambiente de perplexidade entre um grande número de empresas de diferentes escalas ou tipos de organização. Muitas julgam que não há saída no horizonte de curto prazo e acabam tomando decisões ansiosamente precipitadas que podem comprometer o seu futuro desenvolvimento. Optam pela trajetória mais conformista: reduzem custos que são essenciais para sua competitividade, vendem ativos preciosos que podem levar à sua decadência no longo prazo e deixam de ter uma visão de futuro sobre os seus negócios, substituindo-a por uma visão financeira e imediatista de caixa.
Este procedimento operacional é bastante compreensível num ambiente macroeconômico em que o governo federal conseguiu desestruturar os principais instrumentos e mecanismos institucionais que norteiam os incentivos e os estímulos que constituem os imperativos de uma economia de mercado. Há atualmente um descompasso abissal entre as taxas de juros de mercados e as taxas de rentabilidade das atividades produtivas: o financeiro sufoca o econômico.
Apesar desse conjunto de dificuldades, é bom que as empresas façam uma releitura de três estratégias de competitividade em função do quadro recessivo em que estão inseridas. Essas estratégias poderão lançar luzes para encontrar saídas específicas para o seu próprio desenvolvimento ainda que numa economia brasileira sem rumo.
A estratégia de diferenciação de produto: corresponde à introdução na linha de produtos de uma empresa de uma nova mercadoria que é substituta próxima de alguma outra previamente produzida e que, portanto, será vendida em um dos mercados supridos pela empresa. Esta nova mercadoria pode surgir da melhoria de qualidade ou de modificações nas especificações. Estratégias de diferenciação podem se basear no nome da marca, em design, tecnologia, serviços ou outras dimensões requeridas pelos consumidores, os quais estão dispostos a pagar mais por um valor que percebem nos produtos, como é o caso do café orgânico ou do café gourmet.
A estratégia de diversificação: corresponde à introdução, nas linhas de produtos das empresas de uma mercadoria a ser vendida em um mercado do qual não participavam até então. As empresas se movem para além do seu mercado corrente através da realização de investimentos em uma nova indústria ou setor, em busca de maiores valores agregados. Exemplo: produtores de óleo e farelo de soja que investem em produtos de proteína de soja (antibióticos, cosméticos, produtos alimentícios dietéticos, etc.).
E a estratégia de custos baixos: a competitividade baseada em custos baixos não é, geralmente, sustentável e se fundamenta em componentes aleatórios (câmbio desvalorizado), espúrios (economia informal) ou predatórios (uso insustentável da base de recursos naturais renováveis e não renováveis). Estratégias de baixos custos são sustentáveis quando baseadas em inovações duradouras (novos processos, logística, etc.).
Em princípio, não se pode dizer que haja uma escolha de estratégia competitiva melhor do que outra. As empresas devem fazer uma cuidadosa avaliação de seu ambiente competitivo e da estrutura industrial para definir qual abordagem estratégica é mais viável e sustentável. As circunstâncias de cada contexto acabam tendo um peso significativo em cada escolha e delimitam quais funções programáticas devem ser priorizadas. De qualquer forma, sem algum tipo de estratégia a empresa passa a replicar a mesma falta de rumo da economia brasileira.