OLINDA – Estudantes de São Paulo deixam o ambiente universitário para viajar 320 quilômetros em direção ao interior do estado e, em Apiaí, desenvolverem atividades junto à comunidade. Em Maceió, Alagoas, os universitários desenvolvem trabalhos junto a professores de escolas públicas a fim de melhorar o ensino. Em Foz do Iguaçu, Paraná, a bissexualidade é discutida em escolas e movimentos sociais. Esses foram alguns dos projetos de extensão apresentados nesta quinta-feira (24) na 8ª Bienal de Arte e Cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE).
É a primeira vez que a Bienal recebe a modalidade. Foram cerca de 80 projetos inscritos e 17 selecionados. Por meio da extensão os estudantes levam os conhecimentos adquiridos à comunidade com aulas, oficinas e outras atividades. As universidades são regulamentadas pelo Decreto 5.773/06, segundo o qual devem associar ensino, pesquisa e extensão.
Os projetos são formados por “pessoas que estão dentro das universidades e querem que ela realmente cumpra o seu papel. No nosso projeto, a interconexão com a comunidade foi importante para o desenvolvimento do local”, diz a estudante de gestão pública da Universidade de São Paulo (USP), Gabriela Moreno. Ela faz parte de um grupo de 30 pessoas que, por 12 dias, esteve em Apiaí, desenvolvendo atividades em várias áreas com os moradores.
Segundo os integrantes, a região abarca favelas e um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). Um grupo de estudantes da área de saúde realizou oficinas com os gestores do setor. A comunidade enfrentava várias dificuldades. “Em gestão, eles planejavam um orçamento de R$ 500 para pavimentar uma estrada. Isso é impossível”, diz a estudante de marketing da USP, Thaisa Torres. O grupo, junto à comunidade, debateu os principais problemas da região e sugeriu formas de enfrentá-los.
Em Maceió, estudantes do Centro de Educação da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) perceberam fragilidades no aprendizado dos alunos, sobretudo do Ensino Médio da cidade. Com aulas, debates e mostras audiovisuais, eles discutem com os professores da rede pública estratégias didáticas para que os estudantes assimilem melhor os conteúdos. As estudantes de pedagogia Vanessa Sátiro e Geisa Carla Ferreira, integrantes do projeto receberam a ajuda da orientadora, a professora Jusciney Carvalho para trazerem o trabalho à bienal.
“A gente sente a necessidade de divulgar o nosso projeto porque nós, como educadores em formação, já visualizamos as dificuldades da área. Ensinando e sendo ensinados pelos professores da rede que vêm receber a formação, a gente se reafirma como educador”, diz Geisa.
No Sul do país, em Foz do Iguaçu, o estudante de história, Vinicius Ruas de Maderi, da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), leva, por meio do cinema e de teóricos acadêmicos, a questão da diversidade de gênero à escolas públicas e discute a bissexualidade com movimentos sociais e entidades.
Segundo Maderi, o fato de se gostar de homens e mulheres é algo que ainda tem dificuldades de aceitação dentro do próprio movimento de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros (LGBTTT) brasileiro. “Apesar de utilizar bases teóricas, pretendo levar de maneira didática, em uma linguagem fácil, para que essa discussão tenha continuidade depois das apresentações”.
A 8ª Bienal de Arte e Cultura da UNE é considerada o maior evento estudantil da América Latina e deve reunir em Olinda cerca de 10 mil estudantes de todos os estados brasileiros. A bienal ocorre de 22 a 26 de janeiro e une política estudantil e cultura em mostras de teatro, música e cinema, seminários de esportes, além de apresentações de trabalhos acadêmicos e de extensão. O tema desta edição é A Volta da Asa Branca, uma Homenagem ao Sanfoneiro Luiz Gonzaga, cujo centenário foi comemorado em 2012. As atividades são gratuitas e abertas à comunidade. A programação completa pode ser consultada no site da bienal.