Embora o etanol esteja competitivo em algumas cidades do Triângulo Mineiro, como Uberaba e Uberlândia, ainda não há previsão de quando o combustível será mais atrativo do que a gasolina em Belo Horizonte. Redução da carga tributária, reajuste do preço da gasolina e diminuição das margens de lucro seriam as soluções, que, pelo menos por enquanto, não passam de possibilidades.
Atualmente, segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a gasolina custa, em média, R$ 2,82 na bomba na capital mineira, contra R$ 2,107 do etanol. A relação é de 74,13%.
É preciso fazer as contas por causa da menor eficiência energética do etanol: 30% inferior à da gasolina. Como consequência, ele deve custar 30% menos para ser economicamente competitivo.
De acordo com o presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), Mário Campos, o Triângulo concentra 65% da produção de etanol e cana do Estado, motivo pelo qual o álcool é mais barato naquela região.
Para que o combustível renovável fosse viável na capital, uma das soluções seria que o governo estadual reduzisse o ICMS.
“Já houve uma redução da alíquota de 25% para 19% há alguns anos, mas essa queda não foi suficiente”, afirma o presidente do Siamig.
Em São Paulo, o imposto é de 12%. Outra medida seria que os usineiros diminuíssem a margem de lucro, o que, na avaliação de Campos, está fora de cogitação.
Conforme o representante da entidade, o setor atravessa um momento difícil. Nos últimos cinco anos, oito usinas fecharam as portas, cortando oito mil postos de trabalho.
O consumo segue em queda. Em 2009, de cada 100 litros de combustível vendidos em Belo Horizonte, 40 eram de álcool. Hoje, de cada 100 litros, 15 são de etanol.
A terceira maneira de deixar o etanol mais competitivo é elevar o preço do principal concorrente: a gasolina.
Na avaliação do diretor do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Minas Gerais (Minaspetro), Bráulio Chaves, ao deixar de cobrar a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), que foi reduzida a zero para baratear o combustível, governo não só coloca em risco os 80 mil empregos gerados pelo setor sucroenergético em Minas, como também privilegia um combustível não renovável e prejudicial ao meio ambiente.