EUA-Alemanha e o temor do "jogo de compadres"

AFP
Publicado em 24/06/2014 às 11:16.Atualizado em 18/11/2021 às 03:07.
 (Montagem)
(Montagem)

PORTO SEGURO - Quando Alemanha e Estados Unidos caíram na mesma chave no sorteio dos grupos, todos viam no confronto uma história bonita, com o reencontro do técnico da seleção americana, Jurgen Klinsmann, com seu amigo Joachim Low, que foi seu auxiliar no comando da "Mannschaft".
    
O problema é que as duas equipes se enfrentam na próxima quinta-feira (26) no Recife e precisam apenas de um empate para garantir a classificação para as oitavas de final, eliminando Gana e Portugal da competição. Com a amizade entre os dois técnicos, o termo "jogo de compadres" passa até a fazer mais sentido, embora ambos tenham jurado de pés juntos que suas equipes jogarão vencer.

Há 32 anos, o "jogo da vergonha"
   
O problema é que a reputação da seleção alemã foi manchada por causa de uma "marmelada" que ocorreu 32 anos antes do duelo com os americanos, válido pela terceira rodada do grupo G. No dia 25 de junho de 1982, em Gijón, na Espanha, a Alemanha Ocidental enfrentou a vizinha Áustria. Hrubesch abriu o placar com dez minutos de bola rolando. O placar de 1 a 0 classificava as duas equipes, que em seguida disputaram 80 minutos de uma  paródia de futebol, na qual ninguém se arriscou a atacar e os dois times apenas tocaram a bola de lado, sob intensas vaias do público.

Torcedores argelinos, cuja seleção foi a maior vítima do "acordo de compadres", queimaram pesetas (a moeda espanhola da época), enquanto os espanhóis agitavam lenços brancos em sinal de protesto e gritavam "fuera" (fora). Nos dias seguintes, a "marmelada" virou um escândalo mundial.
    
Motivos de suspeita
    
A imprensa portuguesa já se vê na pele dos argelinos, temendo o pior para Cristiano Ronaldo e companhia. Por mais que CR7 volte ao seu melhor nível e os lusitanos apliquem uma goleada memorável em Gana, um empate entre alemães e americanos elimina lusos e africanos. Joachim Löw foi auxiliar de Klinsmann de 2004 a 2006, quando levaram a "Mannschaft" às semifinais da Copa do Mundo de 2006, disputada em casa.

Para alimentar ainda mais as suspeitas, "Klinsie", que foi campeão mundial (1990) e europeu (1996) com a Alemanha como jogador, convocou cinco jogadores revelados no seu país nativo, como Jermaine Jones, de pai americano e mãe alemã, ou Julian Green, grande promessa do Bayern de Munique, filho de um americano que serviu no país europeu.

Klinsmann vai "fazer seu trabalho"

Como não poderia deixar de acontecer, muitas perguntas feitas nas últimas entrevistas coletivas giraram em torno do temor de mais um "jogo de compadres". "Vocês estão falando sobre um jogo que aconteceu há décadas. Faz parte da história da Alemanha, não dos Estados Unidos. Basta olhar para o passado da seleção americana para entender que sempre fazemos de tudo para que as coisas possam ocorrer da maneira certa", se defendeu Klinsmann.

"Sempre encaramos as partidas com "fighting spirit" (espírito de luta) e demos tudo de nós em campo. No Recife, vamos dar tudo para derrotar a Alemanha. Este é o nosso objetivo", insistiu. "As duas equipes querem terminar na liderança da chave para chegar nas melhores condições possíveis nas oitavas de final. Não está na hora de ligar para os amigos. 'Jogi' está fazendo o trabalho dele. Somos bons amigos, mas eu também estou fazendo meu trabalho, que é de fazer de tudo para classificar a nossa equipe para as oitavas", completou.
    
"Antiesportivo e injusto"
    
Do lado da "Mannschaft", o auxiliar de Low, Hansi Flick, também descartou qualquer possibilidade de acordo entre as duas equipes. "Tudo que posso dizer é um não categórico. Já falamos que queremos vencer esta partida, por isso jogaremos durante os 90 minutos", prometeu. O zagueiro Matts Hummels juntou-se ao coro. "Seria antiesportivo e injusto fazer uma coisa dessas. Não estamos interessados em nenhum resultado a não ser a vitória", afirmou. Amigos, amigos, negócios à parte. Os fãs do esporte torcem para que a lógica seja respeitada.
    
   

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