EUA decidem entre Hillary e Trump após campanha longa e amarga

AFP
Hoje em Dia - Belo Horizonte
08/11/2016 às 11:22.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:34

(AFP)

Os americanos comparecem às urnas nesta terça-feira para escolher o sucessor do presidente Barack Obama, entre a democrata Hillary Clinton e o republicano Donald Trump, encerrando uma longa e amarga campanha eleitoral que provoca ansiedade em todo o planeta. Em uma disputa acirrada pela Casa Branca, a ex-secretária de Estado de 69 anos e o magnata nova-iorquino de 70 anos utilizaram todos os recursos nas últimas horas da campanha para convencer os indecisos.

A remota localidade de Dixville Notch, no estado de New Hampshire, abriu simbolicamente à meia-noite local, como é tradição, o dia eleitoral, cuja conclusão é incerta. A apuração foi rápida no vilarejo: quatro votos para Hillary Clinton e dois para Donald Trump. O candidato liberal Gary Johnson recebeu um voto e a curiosidade ficou por conta de uma cédula que recebeu o nome do republicano Mitt Romney, candidato derrotado nas eleições de 2012.

As urnas abrem oficialmente em alguns estados, incluindo Virginia, Maine e Kentucky, às 6h  (9h de Brasília), uma hora antes da Flórida, que mais uma vez parece ter sido escolhida pelo destino para definir uma eleição presidencial nos Estados Unidos. "Amanhã enfrentamos o teste de nossas vidas", disse na segunda-feira à noite Hillary, que sonha em fazer história com uma vitória para se tornar a primeira mulher presidente dos Estados Unidos. 

Na segunda-feira, diante de um público recorde de mais 30 mil pessoas na Filadélfia, Hillary participou em um comício ao lado de Obama e da extremamente popular primeira-dama Michelle, além de seu marido e ex-presidente Bill Clinton. Perto de vários edifícios históricos na cidade em que o documento de independência e a Constituição dos Estados Unidos foram redigidas, a candidata democrata demonstrou otimismo, mas insistiu que os americanos devem comparecer às urnas nesta terça-feira para escolher entre a "divisão e a unidade".

No último comício da campanha algumas horas depois, em Raleigh (Carolina do Norte), ela pediu apoio a sua visão dos "Estados Unidos de esperança, inclusivos e generosos. Nestas eleições, nossos valores fundamentais estão sendo testados, mas minha fé em nosso futuro é maior do que nunca", afirmou, praticamente sem voz, ao encerrar a campanha já de madrugada. 

Em contraste, Trump apresentou a adversária como uma mulher corrupta de uma elite desacreditada em seus últimos comícios, em New Hampshire e Michigan. 
Ao prometer acabar com "anos de traições", descartar tratados de livre comércio, fechar a fronteira, deter o narcotráfico e expulsar os refugiados sírios, Trump disse aos simpatizantes: "Estou com vocês e lutarei por vocês. E venceremos. Imaginem o que nosso país poderia conseguir se começássemos a trabalhar juntos como um só povo, sob um só Deus, saudando uma só bandeira americana" disse a seus simpatizantes o candidato republicano no ato final de campanha em Grand Rapids (Michigan).

No auge de uma carreira política que passou pelo período em que foi primeira-dama dos Estados Unidos ou até antes, como uma jovem ativista contra a guerra do Vietnã, Hillary Clinton é respeitada mas não desperta simpatias. Empresário e ex-apresentador de reality shows, sem nunca ter sido eleito para qualquer cargo, Donald Trump foi o convidado surpresa da campanha eleitoral: interpretando como ninguém - e contra todos os pronósticos - as frustrações e inseguranças dos
americanos em um mundo em mutação, ele sacudiu o establishment de seu partido.

Com um discurso anti-imigração e sexista, impulsivo e corrosivo, Trump marcou para sempre um estilo de fazer campanha política. Depois de 693 dias - 23 meses - de drama, insultos, escândalos e mais escândalos, quase 225 milhões de americanos estão registrados para decidir quem será o 45º presidente da história dos Estados Unidos.

Exonerada pelo FBI de uma investigação sobre o uso de um servidor privado de e-mails quando era chefe da diplomacia (2009-2013), Hillary Clinton recuperou terreno nas pesquisas. De acordo com a média das pesquisas nacionais do site Real Clear Politics, a democrata em uma vantagem de 3,2% sobre o republicano.
Um modelo matemático de projeção elaborado pelo canal de televisão NBC aponta que Hillary já teria assegurados pelo menos 274 votos no colégio eleitoral, quatro a mais que os necessários para conquistar a vitória. 

Ao mesmo tempo, o site especializado em pesquisas FiveThirtyEight aumentou as probabilidades de vitória da democrata para 70,8%, contra 29,2% para o republicano. Os primeiros resultados devem começar a ser divulgados a partir das 19h (22h de Brasília), com o fechamento dos locais de votação na Geórgia, Carolina do Sul, Vermont, Virginia, Indiana e Kentucky.

As aspirações presidenciais de Trump praticamente acabariam em caso de derrota na Geórgia, um estado tradicionalmente republicano; Hillary enfrentaria problemas se a Virginia, onde Obama venceu em 2012, escapasse dos democratas. Trinta minutos depois, as surpresas podem vir de Ohio, estado democrata com 18 votos, e da Carolina do Norte, que tende a entregar seus 15 votos no colégio eleitoral aos republicanos. Este ano os dois podem dar a vitória tanto a Hillary como a Trump.

Mas todos os olhares estão voltados para a Flórida, um estado diversificado de latinos, aposentados e brancos conservadores, que representa expressivos 29 votos no colégio eleitoral. O vencedor precisa alcançar o número mágico de 270 votos no colégio eleitoral em um complexo sistema de votação extremamente descentralizado, que será observado, pela primeira vez, pela OEA. 

Além da eleição presidencial, os democratas tentarão arrebatar a maioria do Senado (54 de 100 cadeiras) dos republicanos, enquanto a Câmara dos Representantes deverá permanecer, exceto em caso de grande surpresa, sob controle dos conservadores.

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