Embalado pelo aumento da classe C, o Brasil finalmente ultrapassou a China no número de vistos de turistas emitidos pelos consulados americanos no ano passado. Foram 746,3 mil vistos do tipo em 2011, ante 701,7 mil dos chineses - isso apesar de o país asiático ter população cinco vezes maior e economia crescendo em um ritmo quatro vezes mais rápido que o nacional.
A alta procura fez com que, contando todos os tipos de vistos, a embaixada e os consulados americanos no Brasil emitissem o número recorde de mais de 1 milhão de vistos de não-imigrantes para brasileiros nos últimos 12 meses. De janeiro a setembro de 2012, o crescimento foi de 16% em relação ao mesmo período do ano passado, o que obrigou consulados no País a dobrarem seu pessoal e criarem novas centrais de triagem para desafogar os postos de entrevistas.
Mudança
Atualmente, a China ainda recebe mais vistos que o Brasil, somando licenças para estudantes e trabalho, por exemplo. Mas até o ano passado o país asiático liderava também em número de vistos de turistas, com 3 mil documentos a mais. Há dez anos, a situação era ainda mais distante: os brasileiros estavam em 6.º lugar nessa lista, atrás de México, Coreia do Sul, China, Índia e Taiwan.
Hoje, o Brasil só recebe menos vistos americanos de turistas e negócios que o México, que tem fronteira terrestre com os Estados Unidos e recebeu 1,1 milhão de licenças desse tipo no último ano. "A China envia principalmente mais estudantes. No Brasil, os vistos estão concentrados para quem vai aos Estados Unidos por turismo ou negócios e é isso que está tendo um crescimento absurdo", explica Katherine Caro, adida-adjunta de imprensa do consulado americano em São Paulo.
Ela credita esse aumento na emissão de vistos americanos para brasileiros a três motivos. "O primeiro é o aumento da classe C. Muita gente está viajando pela primeira vez na vida. Depois vem o real forte, que incentiva a viagem. E também tem o aumento do turismo de compras. Muita gente vai até Miami só para comprar eletrônicos ou coisas assim, já que o alto preço no Brasil muitas vezes até compensa o valor da passagem aérea", afirma.
Quando foi tirar o visto para o filho de 10 anos ir à Disney, a arquiteta Valéria Ferraz, de 38 anos, já sabia que ia precisar de paciência. "Peguei uma fila que começava na calçada. Tinha muita gente", conta. Hoje o sistema melhorou e a espera é menor. "Acho que as pessoas vão para comprar mesmo, é muito mais barato. E brasileiro adora produto americano."
Alternativas
Na segunda-feira (22), o Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos se reuniu para discutir alternativas e facilitar ainda mais a concessão de vistos para brasileiros, às vésperas do encontro entre a secretária de Estado, Hillary Clinton, e o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, marcado para amanhã em Washington.
Por enquanto, o governo americano não prevê a eliminação da exigência de vistos para brasileiros. Mas a enorme demanda deve intensificar ainda mais os planos para deixar cada vez mais eficiente a emissão. Há um estudo também para garantir que os brasileiros com visto não sejam barrados nos aeroportos, como ainda acontece em alguns casos. Mesmo esta mudança, porém, ainda está em etapa de análise.
Embora possa facilitar a ida de turistas brasileiros aos EUA, o fim dos vistos eliminaria uma importante fonte de renda para o Departamento de Estado, que fatura quase US$ 200 milhões por ano com as emissões - e as rejeições. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
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