Eucalipto transgênico preocupa apicultor no Brasil

Bruno Porto
Publicado em 04/09/2014 às 09:04.Atualizado em 18/11/2021 às 04:04.

O Brasil começa a discutir, nesta quinta-feira (04), em audiência pública, a liberação comercial do eucalipto transgênico. A Suzano Papel e Celulose, por meio de sua controlada, a FuturaGene, foi quem desenvolveu a variedade H421, com modificações genéticas que aumentam a produtividade do eucalipto em até 20%. A própria empresa fez o pedido de audiência pública, acatado por unanimidade pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).

A polêmica em torno do tema se dá pela capacidade ou não de a transgenia no eucalipto transferir para a abelha e por consequência para o mel, via pólen, as modificações genéticas realizadas. Caso isso ocorra, o Brasil, que é importante produtor e exportador de mel e seus derivados, encontrará no mercado internacional, sobretudo na Europa, barreiras à entrada desses produtos, uma vez que lá é vedada a comercialização de produtos transgênicos.

“Haverá, por interesse econômico, a disseminação de informações para dizer que o mel brasileiro é transgênico. A forma de encarar essa desinformação é com ciência, mostrando que não há risco. Revelando se o néctar transfere às abelhas o gene modificado ou não”, disse o superintende do Instituto Antônio Ernesto de Salvo, braço de pesquisa da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg), Pierre Vilela.

Para ele, a Argentina, concorrente do Brasil nesse mercado, deverá ser o maior beneficiário em caso de confirmação das barreiras ao mel nacional. Não há, no mundo, outra experiência com eucalipto transgênico. No Brasil, existem campos experimentais, e a Suzano desde 2006 atua nesta fase de pesquisa.

Na proposta de liberação do eucalipto transgênico, enviada pela FuturaGene à CTNBio, a empresa alega que há segurança nas alterações genéticas, diz que não foram percebidos “danos deletérios” à população de abelhas ou alterações na composição do mel.

De acordo com a FuturaGene, o eucalipto geneticamente modificado possibilita obter cerca de 20% de aumento de produtividade em relação ao convencional. “Do ponto de vista de biossegurança, os estudos realizados pela FuturaGene e apresentados à CTNBio no dossiê entregue ao órgão em janeiro demonstram que o eucalipto geneticamente modificado é seguro para o meio ambiente e para a saúde humana e animal quando comparado com o eucalipto convencional”, afirmou a empresa, por email.

A audiência pública realizada nesta quinta tem como objetivo alimentar de informações a CTNBio, uma instância colegiada multidisciplinar ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). A CTNBio assessora o MCTI na política de transgênicos brasileira. 

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