Ex-chefe de polícia e vereador são ouvidos por comissão da Câmara que investiga Wellington Magalhães

Cinthya Oliveira
30/09/2019 às 17:10.
Atualizado em 05/09/2021 às 22:00

(Abraao Bruck/CMBH)

Bernardo Dias/CMBH/Divulgação

Ex-chefe da Polícia Civil foi ouvida por vereadores nesta segunda-feira

A Comissão Processante que investiga uma suposta quebra de decoro por parte do vereador Wellington Magalhães (DC) ouviu duas testemunhas na manhã desta segunda-feira (30). A ex-chefe de Polícia Civil de Minas Gerais Andrea Vacchiano e o vereador Gabriel Azevedo (PHS), que foram ouvidos após serem indicados pelo denunciante, vereador Mateus Simões (Novo). Magalhães não estava presente na oitiva.

Andrea Vacchiano afirmou que, em novembro de 2015, assumiu a chefia da Polícia Civil em Minas e passou a receber diversas denúncias anônimas contra o vereador Wellington Magalhães no início de 2016. Diante disso, foi criada, junto com o Ministério Público do Estado, uma comissão para apurar as denúncias, que resultaram em inquéritos instaurados. Ela disse ainda que, ainda naquele ano, o secretário de Governo do Estado, Odair Cunha, lhe pediu que atendesse a todos os pedidos feitos pelo vereador investigado.

Segunda testemunha a ser ouvida, o vereador Gabriel Azevedo diz ter sido ameaçado por ex-assessores de Magalhães em dois episódios. A primeira teria acontecido em 2016, quando ainda não era vereador, mas participava de uma audiência pública na Câmara Municipal. De acordo com Azevedo, um dos assessores se aproximou e disse: “você sabe com quem você está mexendo? Você não tem medo? Você tem certeza de que você vai ficar aqui, fazendo isso que você está fazendo? Toma cuidado”.

O segundo episódio teria acontecido no dia 2 de abril deste ano, quando outro ex-assessor teria entrado em seu gabinete e exigido explicações sobre contribuições que o vereador estaria dando ao Ministério Público sobre Magalhães. “Eu quero saber por que é que o senhor está me citando, qual a sua contribuição com o Ministério Público? Quero entender isso, vamos resolver isso entre nós, quem sabe você quer resolver isso fora da Câmara", teria dito o homem, de acordo com Gabriel, que disse ainda se sentir constrangido ao trabalhar com um colega de parlamento que usa tornozeleira eletrônica.

Outro lado

Durante a oitiva, o advogado de Magalhães, Sérgio Santos, questionou as falas das testemunhas. Sobre o depoimento de Andrea, argumentou que ela recebia pedidos de vários outros políticos, especialmente sobre a transferência de investigadores.

Sobre o depoimento do vereador Gabriel, o advogado afirmou que os dois homens citados nunca estiveram lotados no gabinete do vereador Wellington Magalhães. Sobre a questão da tornozeleira, argumentou que decisão já proferida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) garante a políticos de casas legislativas em todo o Brasil a continuidade de seus mandatos.

Próximos passos

A Comissão Processante decidiu que irá ouvir no dia 15 de outubro o vereador Henrique Braga, o advogado Mariel Márley Marra e Rafaela Gigliotti, ex-chefe de Polícia do Departamento de Trânsito da Polícia Civil (Detran). Também foi solicitada à presidência da Câmara esclarecimentos se os homens citados pelo vereador Gabriel têm ou já tiveram, em algum momento, vínculo de trabalho com a Casa Legislativa. O vídeo da reunião desta segunda pode ser conferido aqui.

Relembre o caso

O pedido de cassação do mandato do vereador Wellington Magalhães foi apresentado pelo vereador Matheus Simões (Novo) e pelo advogado Mariel Marra e aprovado em plenário por unanimidade, no mês passado. Essa foi a segunda Comissão Processante instaurada na Casa para julgar a cassação de Wellington Magalhães - na primeira vez, o mandato dele foi salvo pelos colegas parlamentares.

Além da denúncia de desvio de R$ 30 milhões da Câmara Municipal, o Ministério Público divulgou em julho que Magalhães teria recebido propina de R$ 1,8 milhão, além de caixas de vinho e viagens para superfaturar contratos de publicidade do Legislativo. Além disso, áudios vazados pela imprensa flagram Magalhães proferindo ameaças ao vereador Mateus Simões (Novo) e ao promotor Leonardo Barbabela, responsável pelas denúncias contra Magalhães pelo Ministério Público.

A reportagem não conseguiu contato com o ex-secretário de Governo Odair Cunha. 

Fonte: CMBH

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