Ex-premier do Paquistão reivindica vitória em eleições legislativas

AFP
11/05/2013 às 22:24.
Atualizado em 21/11/2021 às 03:36

O ex-premier do Paquistão Nawaz Sharif reivindicou a vitória de seu partido, que o habilita a liderar o governo como primeiro-ministro em um terceiro mandato, após as eleições legislativas deste sábado (11), marcadas por uma forte participação e pela violência, que deixou 26 mortos. Segundo projeções dos canais de TV, a Liga Muçulmana (PML-N), de Sharif, teve uma ampla vantagem sobre os principais rivais: o Movimento pela Justiça (PTI, do ex-astro do críquete Imran Khan) e o Partido do Povo Paquistanês (PPP, da família Bhutto).   Após a apuração de cerca de um quarto dos votos, os canais indicavam que o partido de Sharif teria 100 dos 272 assentos, cerca de 30 iriam para o PTI, e outros para o PPP. "Temos que agradecer a Deus por ter dado à PML-N uma nova oportunidade de servir ao Paquistão", disse Sharif a simpatizantes reunidos em Lahore. "Os resultados continuam chegando, mas já temos a confirmação de que a PML-N irá emergir como principal partido."   A Liga Muçulmana, no entanto, não conquistaria a maioria absoluta. Neste caso, deverá negociar com os outros partidos para formar uma coalizão. O partido de Khan, que prometia acabar com a corrupção, reconheceu a derrota, mas afirmou que, segundo os resultados, irá liderar o próximo governo provincial no noroeste do país.   A ascensão de Sharif pela terceira vez ao cargo de primeiro-ministro representa um fato inédito no Paquistão. Ele ocupou o cargo entre 1990 e 1993, até ser derrubado por corrupção, e entre 1997 e 1999, quando foi deposto por um golpe militar.   Segundo a comissão eleitoral, a participação nas eleições foi "próxima de 60%", a mais alta desde 1977. Nas últimas eleições, em 2008, o índice foi de 44%. Mais de 86 milhões de pessoas estavam habilitadas a votar para escolher 342 deputados e representantes em quatro assembleias provinciais.   As eleições de hoje foram consideradas históricas, já que permitirão que um governo civil passe o poder a outro depois de um mandato de cinco anos, algo inédito no país, criado em 1947 e com uma história marcada por golpes de Estado. Mais de 130 pessoas morreram durante a campanha eleitoral, considerada por observadores a mais sangrenta da história do país, com episódios violentos reivindicados, em grande parte, pelo Movimento dos Talibãs do Paquistão (TTP), contrário ao processo democrático, que considera "não islâmico".   O TTP havia anunciado ataques para o dia da votação, protegido por mais de 600.000 membros das forças de segurança. No entanto, os ataques tiveram uma dimensão limitada neste sábado, embora tenham deixado 26 mortos. "Vivemos, durante anos, com medo das ameaças dos terroristas. Hoje, decidimos acabar, de uma vez por todas, com esse clima de medo", disse à AFP Suhail Ahmad, comerciante de Peshawar.   Sharif e Khan apoiaram a ideia de dialogar com o talibã para tentar pôr fim à violência, e criticaram os disparos de drones americanos contra islamitas no noroeste do Paquistão. Mas nenhum deles explicou como faria para obter a paz sem incomodar Washington, principal sócio do país.

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