(Khaled Kamal)
Uma série de ataques a bomba no Cairo deixou pelo menos seis mortos nesta sexta-feira (24) e, semanas antes do terceiro aniversário da revolução que derrubou o ditador Hosni Mubarak, reacendeu temores de que insurgências islâmicas ganhem espaço no país. Horas depois das explosões, confrontos entre forças de segurança e membros da Irmandade Muçulmana, acusada de ser responsável pelos ataques, causaram mais 14 mortes em outras partes do país. O ministério da Saúde afirmou que 76 pessoas ficaram feridas em razão dos distúrbios.
Pela manhã, na explosão que atingiu mais alvos do governo, um carro-bomba foi detonado no principal complexo de segurança do país, no centro da cidade, deixando pelo menos quatro mortos, incluindo três policiais. Imagens transmitidas por um canal local mostram um homem estacionando um veículo no complexo e deixando o local minutos antes da van explodir.
Outro ataque, perto de um cinema no caminho para as Pirâmide de Gizé, nos arredores do Cairo, deixou um morto. Uma pessoa também morreu no distrito de Dokki em razão da detonação de explosivos.
O primeiro-ministro egípcio, Hazem el-Beblawi, condenou as ações e reafirmou que todas foram "tentativas de forças terroristas de desestabilizar o governo" e, consequentemente, atrasar as eleições no país. Em nota, o presidente interino, Adli Mansour, afirmou que está determinado a exterminar o terrorismo, mesmo que para isso "seja forçado a tomar medidas excepcionais".
Em Washington, a Casa Branca condenou as explosões e pediu para o uso da violência fosse evitado. "Esses crimes devem ser investigados até as últimas consequências e os responsáveis devem enfrentar a Justiça", afirmou o porta-voz do governo, Jay Carney.
Até o começo da noite, nenhum grupo havia assumido a autoria dos atentados, mas fontes do governo afirmam que todos tinham "características de ataques feitos por militantes que querem desestabilizar o governo" apoiado pelos militares.
Autoridades egípcias também disseram hoje que estão se preparando para um possível aumento da violência com a aproximação do terceiro aniversário da queda de Hosni Mubarak, em 11 de fevereiro.
O levante popular de 2011 alimentou esperanças de uma democracia estável na maior nação do mundo árabe. Passados três anos, o país continua imerso em turbulências políticas, intensificadas após a deposição do primeiro presidente eleito da história egípcia, Mohamed Morsi, em um golpe militar em julho do ano passado. Fonte: Associated Press.
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