Falta de chuvas ameaça navegação na hidrovia Tietê-Paraná

Felipe Amorim - Folhapress
19/02/2014 às 17:16.
Atualizado em 20/11/2021 às 16:08

RIBEIRÃO PRETO - Com a falta de chuvas no verão, o nível do rio Tietê, entre as usinas de Três Irmãos (Andradina) e Nova Avanhandava (Buritama), já ameaça a navegação na hidrovia Tietê-Paraná. A afirmação é do diretor do departamento hidroviário do Estado, Casemiro Tércio Carvalho.    O nível do reservatório da represa de Três Irmãos baixou de 46,35%, no dia 1º, para 30,04%, na última segunda-feira. Segundo Carvalho, a profundidade menor do rio fez com que fosse reduzida em um terço a capacidade de transporte dos comboios, de 6.000 toneladas para 4.000.    O trecho opera no limite mínimo que permite a navegação e, se o nível da água seguir baixando, o transporte de cargas terá que ser interrompido, de acordo com ele.    Além da estiagem, o diretor disse que colabora para o baixo nível do rio o uso da água para a produção de energia elétrica pelas usinas de Três Irmãos e Ilha Solteira, que possuem os reservatórios interligados.    O trecho com restrições à navegação é usado pelo agronegócio para escoar parte da produção de soja, milho e farelo de soja de Mato Grosso e Goiás até Pederneiras (320 km de São Paulo), de onde segue por ferrovia até o porto de Santos.    A redução da capacidade de transporte pelo Tietê pode transferir para as rodovias 84 mil toneladas por mês, segundo Carvalho, apenas para os produtos do agronegócio que seguem até Santos.    Isso equivale à capacidade de transporte de 70 caminhões por dia.    A hidrovia Tietê-Paraná transportou no ano passado 5,9 milhões de toneladas. A soja e o milho responderam por 40% dessa carga.    O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que controla o nível dos reservatórios nas usinas, informou que a partir de amanhã será garantido o nível mínimo necessário para assegurar a navegação.    Para isso, será redistribuído os volumes dos reservatórios da região, segundo o órgão informou por meio de nota.    Antecipação    Carvalho disse que a Programação Mensal de Operação (PMO) divulgada pelo ONS previa para a proxima sexta-feira um nível do reservatório de Três Irmãos que poderia inviabilizar a navegação.    Segundo o ONS, a definição do nível em Três Irmãos é acompanhada diariamente, com a troca de informações com o departamento hidroviário de São Paulo e a Capitania dos Portos.    Para Edeon Vaz Ferreira, diretor-executivo do Movimento Pró-Logística, entidade ligada ao agronegócio do Mato Grosso, a redução da navegabilidade na Tietê-Paraná já faz com que produtores escoem a produção por rodovias.    Segundo ele, a preocupação do setor é com as filas na chegada ao porto de Santos.    A demora para embarcar pode gerar uma despesa extra às empresas, que pagam pelo tempo de espera do navio. 

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