BOGOTÁ - Em comunicado divulgado nesta segunda-feira (4), o líder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Rodrigo Londoño, o Timochenko, rejeitou as recentes críticas ao processo de paz entre a guerrilha e o governo do país. Ele não aceita também o repúdio das autoridades aos recentes sequestros cometidos pelas Farc.
“A impressão é que altos interesses externos e internos pressionam com força para uma solução militar do conflito armado interno, e para o término das conversações de paz”, informou no texto do comunicado, publicado no site oficial do grupo.
Timochenko disse que o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, deve “avaliar bem” os cálculos que está fazendo. “Conosco, há todo um povo clamando por paz e justiça social”, declarou Timochenko.
A agenda de conversações da quarta tentativa de paz no país, ao longo de 48 anos de conflito, inclui a reforma agrária, tema em debate desde dezembro e outros quatro pontos: drogas ilícitas, a deposição das armas, a participação política dos membros do grupo e a reparação das vítimas.
Na semana passada, as Farc capturaram dois policiais e um soldado, o que provocou forte reação da sociedade e da parte do governo colombiano. O ministro da Defesa do país, Juan Carlos Pinzón, afirmou que não “responderia a bandidos” e o chefe dos negociadores do governo, Humberto de la Calle disse que as negociações de paz “não tinham sentido” se as Farc não mostrassem “real interesse” na saída pacífica para o conflito.
Com a repercussão negativa, as Farc anunciaram no último sábado (2) que a libertação dos sequestrados será feita em breve, com a mediação da Cruz Vermelha Internacional.
As reuniões da mesa de negociações são privadas e somente os observadores do Chile e da Venezuela participam dos encontros entre os negociadores. Mesmo assim até a semana anterior à crise gerada pela captura dos policiais e do soldado, o clima era considerado “amigável” entre as partes.
O cientista político Ariel Ávila, coordenador da organização não governamental (ONG) Novo Arco-Íris, especializada no conflito colombiano, disse à Agência Brasil que apesar do incidente da semana passada, as negociações vêm sendo conduzidas de maneira satisfatória, ainda que, até o momento, sem grandes avanços em termos de acordos.
“Na mesa o clima é cordial, como os próximos negociadores têm dito”, o problema, segundo ele, é tornar realidade as conversas e intenções para o contexto colombiano.
“Há um processo de paz em Cuba, no campo das palavras. E outro, paralelo, que se desenvolve em meio à guerra que segue aqui. O governo e as Farc devem ter habilidade para contornar as pressões internas contra o processo em si”, destacou Ávila.