Fazendeiros são acusados de incêndio na Serra do Cipó

Fernando Zuba - Do Hoje em Dia
21/10/2012 às 08:10.
Atualizado em 21/11/2021 às 17:24

(EUGÊNIO MORAES)

Autoridades encontram dificuldades para identificar a autoria e a motivação para o incêndio de grandes proporções que atingiu o Parque Nacional da Serra do Cipó. Moradores da região divergem sobre a autoria, mas não têm dúvida de que a origem é criminosa.

Por motivos diferentes, acusam fazendeiros locais e ex-proprietários de terras desapropriadas. No último episódio, o fogo descontrolado consumiu mais de 15% da área do parque. Se não fosse a chuva, que ajudou a debelar a queimada, o estrago poderia ser maior.

Entretanto, a água que desce do céu não é capaz de solucionar, de maneira definitiva, os recorrentes incêndios florestais, tanto no Parque do Cipó como nas demais áreas de Minas.


O pior

Na última semana, o fogo que atingiu a área, localizada na região Central, foi considerado uma das piores ocorrências das últimas duas décadas. Somente neste ano, mais cinco episódios de grandes proporções foram registrados na unidade.

Nascido e criado na região, João José dos Reis, de 55 anos, acredita que, enquanto o manejo de gado sobreviver nos arredores da reserva ambiental, as queimadas criminosas continuarão acontecendo. “Ainda é comum a queima de capim seco para renovar o pasto. Mas, como está muito seco e venta forte, o fogo pode sair de controle e se alastrar pela vegetação, provocando prejuízos incalculáveis à fauna e à flora”, considera Reis, que há 14 anos é brigadista.

Um companheiro dele, que preferiu não se identificar, tem outra teoria para explicar os ocorrências na Serra do Cipó. De prontidão na brigada do parque – no local ainda havia focos na semana passada –, ele atribui o crime aos ex-proprietários de terras que foram desapropriadas para criação da unidade.


Revolta
 

“Temos informação de que essa questão já foi resolvida, mas muitos ainda estão revoltados. Não queriam ceder as terras, apesar do valor acertado com o governo. Sendo assim, é comum atearem fogo no parque para mostrar que ninguém trata da reserva melhor que eles próprios”, explica.

Para o empresário Henrique Michel, de 38 anos, dono de uma pousada na Serra do Cipó, é um despropósito acusar fazendeiros locais e ex-proprietários pela autoria dos incêndios criminosos. “Não vejo nenhum benefício para quem vive na região em provocar queimadas. Ao contrário, só há prejuízos, incluindo a desvalorização das terras. Acredito mais em incêndios causados por negligência, o que não deixa de ser crime”, adverte.  Autoridades têm dificuldade de identificar os autores.


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