Numa recente pesquisa para avaliar os cinquenta mais belos e significativos automóveis do mundo, tinha modelo de todas as marcas, principalmente as europeias. Tem como deixar um Mercedes Asa de Gaivota de fora? Um Alfa-Romeo Spider ou uma Ferrari GTO? E vários norte-americanos como o Cadillac, Ford Thunderbird, Mustang e outras raridades do passado.
Mas, o número um da lista é o Jaguar E-Type que, não por acaso, faz parte de um seletíssimo grupo de quatro automóveis que integram a coleção do Museum of Modern Art (MOMA) de Nova Yorque. Foram produzidos, entre cupês e conversíveis, mais de 70 mil unidades entre 1961 e 1975. Na lista de proprietários famosos, constam Brigitte Bardot, Steve Mc Queen e Tony Curtis.
Túnel de vento
Foi o primeiro modelo de rua testado em túnel de vento, a que eram submetidos, até então, apenas aviões ou carros de corrida. Daí, suas linhas fluidas e elegantes. Ele era derivado de um modelo de competição, o Type D, que ganhou provas famosas entre 1955 e 1957. O desempenho era extraordinário para a década de 60: acelerava de zero a 100 por hora em menos que sete segundos e atingia máxima de 240 km/h. Enquanto a maioria dos concorrentes ainda tinha freios a tambor (ou discos só na dianteira), ele já era equipado com discos nas quatro rodas. Sua estrutura era monocoque e a suspensão era independente na dianteira e traseira.
O painel de instrumentos era um verdadeiro show a parte, com um bem elaborado design e princípios, ainda que rudimentares, de ergonomia.
Mecânica
Até 1971 ele foi produzido com motor de seis cilindros em linha, com potência de 265 cv. De 1971 até o final, com um V-12 de 285 cv. Mais potente, porém mais pesado. A caixa tinha apenas quatro marchas.
Apesar do elevado volume produzido, é um carro muito procurado por colecionadores e faz sucesso em todos os leilões de antigos em que aparece, sempre arrematado por valores superiores a cem mil dólares, pois é ícone da marca inglesa.
“COMENDATORE” FERRARI BOQUIABERTO
Salão do Automóvel de Genebra, na Suiça, abril de 1961. No estande da Ferrari, a novidade (lançada poucos meses antes, em Paris), era a 250 GTE, o primeiro da marca com quatro assentos. Num determinado momento, Enzo Ferrari deixa seu estande e vai dar uma volta pelo salão, conferir outros lançamentos. E para extasiado diante do estande da Jaguar Cars, que apresentava ao mundo, naquele dia, o E-Type, um esportivo de dois lugares que se tornaria ícone da marca. O italiano não se conteve e procurou Sir William Lyons, dono da marca inglesa, para cumprimentá-lo pelo lançamento. Sir Lyons o recebeu cercado de jornalistas, pois dava uma entrevista sobre o novo carro. Enzo não poupou elogios ao E-Type e declarou jamais ter visto um automóvel tão bonito em sua vida. Claro que a afirmação de Enzo virou manchete no dia seguinte...