Cinema

Festival exibe 19 filmes franceses; entre os títulos estão produções premiadas e de diretores de ren

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
Publicado em 24/06/2022 às 09:44.

Presente na seleção do Varilux, filme “Um Herói” do cineasta iraniano Asghar Farhadi ganhou o Grand Prix do Festival de Cannes do ano passado (Divulgação)

A produção audiovisual francesa toma conta das salas de Belo Horizonte com a realização da 13ª edição do Festival Varilux. Serão exibidos, em duas semanas, 17 longas-metragens inéditos e dois clássicos, espalhados por quatro cinemas – Belas Artes, Minas Tênis Clube, Pátio Savassi e Ponteio. A programação poderá ser conferida no site do festival.

Entre os destaques estão filmes premiados e assinados por nomes como François Ozon (“Peter Von Kant”), Cédric Klapisch (“O Próximo Passo”), Asghar Farhadi (“Um Herói”) e Louis Garrel (“Um Pequeno Grande Plano”). O cardápio também conta com “O Acontecimento”, de Audrey Diwan, vencedor do Leão de Ouro no Festival de Veneza de 2021.

Realizado com recursos franceses, “Um Herói” comprova Asghar Farhadi como um dos maiores herdeiros da geração do cinema iraniano formado por Abbas Kiarostami, Mohsen Mohsen Makhmalbaf e Jafar Panahi, cineastas que, a partir da década de 1990, ajudaram a mudar a imagem do país dos aiatolás com filmes carregados de poesia.

A cultura local está fortemente presente, mas Farhadi consegue chegar com maior facilidade ao público ocidental por outras chaves que não é a do exotismo. Seus temas são universais, envolvendo especialmente casais que estão num ponto sensível de suas relações. No caso de “Um Herói”, a barreira está numa dívida que leva o homem à prisão.

Detento exemplar, Rahim ganha uma chance de ser perdoado, ao ser protagonista de uma boa ação com a ajuda da namorada. Apesar do esforço da comunidade e até dos dirigentes da prisão, ele não consegue sensibilizar o seu credor, o ex-cunhado que, ao aceitar ser fiador num negócio de Rahim, acaba perdendo o dote da outra filha. 

Assim como em filmes anteriores, Farhadi põe em questão a verdade absoluta, encarada, dentro da cultura iraniana, de uma forma unívoca, sem margem para interpretações. O empenho feito por Rahim e sua namorada para ficarem juntos parece sucumbir cada vez mais diante de detalhes que se distanciam da gênese do problema.

A bola de neve é gerada por uma lei questionável e, a todo momento, a narrativa retorna a esse ponto, criando uma espécie de conto de fadas às avessas. A trama ganha complexidade à medida que Rahim tem as intenções questionadas – e amplificadas pela mídia e pelas redes sociais, que atuam como um tribunal ainda mais implacável.

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