Festival mundial da cachaça termina com gostinho de quero mais

Jornal O Norte
18/07/2006 às 10:28.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:39

Valéria Esteves


Repórter


valeria@onorte.net

Terminou nesse domingo a quinta edição do festival mundial de cachaça em Salinas. Centenas de pessoas estiveram reunidas no festival e puderam apreciar variados sabores de cachaça produzidas ali mesmo, no município. Participantes de boa parte do Brasil se impressionaram com tanta fartura de cachaça.

Centenas de pessoas provaram cachaça de vários sabores (foto: Wilson Medeiros)

Cerca de 48 expositores mostraram com criatividade o armazenamento de suas bebidas, seja em tonéis de umburana ou  onde mais os produtores entenderem que pode dar um bom gosto. Segundo informações da assessoria de marketing da Seleta e Boazinha o evento tem crescido a cada ano e atraído um público satisfatório.

No caso da Seleta e Boazinha, famosas em quase todo o Brasil, a história de sua produção vem de família. A cachaçaria começou em 1948 pelas mãos do produtor Antônio Rodrigues.

Antônio passou por várias atividades desde fabricante de colchões até madeireiro. Foi influenciado pelo sogro, dono da cachaça Indaiazinha e começou a comercializar a cachaça a granel. Ednilson Machado, assessor de marketing da cachaçaria conta que o empresário se firmou como grande produtor de cachaça em 1970.

- Hoje Antônio Rodrigues é uma figura chave para entender a indústria de cachaça de Salinas. Ao mesmo tempo em que é um dinâmico empresário, é um homem intimamente ligado à terra e aos seus costumes. Ele só começa a colheita quando o vento produz um determinado barulho nas folhas do canavial, mostrando que já é hora de colher. Só um homem tão ligado a suas raízes é capaz de entendê-las a ponto de produzir produtos tão próprios de sua região usando toda a tecnologia disponível sem descaracterizá-los.

O empresário tem o prazer de dizer que as bebidas que sua cachaçaria produz continuará tendo o sabor da roça.

ORGANIZAÇÃO MANTIDA

Pelo que parece tudo deu certo no festival. A programação foi mantida e os turistas gostaram do passeio feito aos alambiques da cachaça Sabor de Minas e da Escola Agrotécnica Federal de Salinas, primeira do Brasil a ter um curso superior de formação de profissionais especializados em tecnologia de produção de cachaça.

Janine Mendes, coordenadora do evento falou à reportagem de O Norte que um outro ponto alto da programação foi a realização de clínicas tecnológicas que aconteceram no sábado e no domingo. Vale lembrar que o festival abriu suas portas às 17 horas e seguiu até a meia noite dos dois primeiros dias. No domingo o festival se encerrou às 22 horas.

As clínicas proferidas pelo Sebrae apresentaram resultados de práticas no cultivo da cana-de-açúcar e produção da cachaça de qualidade. No domingo, os participantes das clínicas ainda aprenderam como preparar coquetéis e drinques feitos com a bebida.

De acordo com a coordenadora, o festival tem melhorado a cada ano, e isso pode ser observado no número de pessoas que visitam a feira. No ano passado, o público foi de 15 mil pessoas e em 2004, 9 mil participaram.

- Nosso público tem vindo de várias regiões do Brasil como  Manaus e Ceará, além dos tradicionais visitantes do Sudeste como São Paulo, Rio de Janeiro, bem como de Brasília, Belo Horizonte entre outros, diz.

GERAÇÃO DE RENDA

Todos os hotéis da cidade de Salinas lotaram com a realização do festival mundial de cachaça. Há pelo menos três semanas não se encontrava mais dormitórios. Não havia mais vagas nem mesmo nos hotéis que dispõem de 50 leitos. Quem não queria ficar de fora da festa, teve que dar um jeito e improvisar.

Aconteceram palestras sobre temas diversos como exportação da cachaça, relações interpessoais, comercialização, além de assuntos pertinentes às questões tributárias.

Mas é bom que os donos de alambiques se atentem às normas do ministério da Agricultura. Segundo noticiou o gazeta mercantil, dos mais de 8 mil alambiques de Minas Gerais, pouco mais de 500 estão devidamente cadastrados no ministério da Agricultura, ou seja, a maioria opera na informalidade.

Os números dão uma dimensão das dificuldades pelas quais passam os produtores artesanais no Estado. Para discutir ações que possam mudar este panorama, a comissão de Turismo, Indústria, Comércio e Cooperativismo da Assembléia Legislativa promoveu ontem audiência pública na Câmara Municipal de Ituiutaba -Triângulo Mineiro.

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