FHC diz que governo também é responsável por tensão com índios em MS

Diógenes Campanha - Folhapress
05/06/2013 às 16:01.
Atualizado em 20/11/2021 às 18:51

SÃO PAULO - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse nesta quarta-feira (5) que o governo federal também é responsável pela tensão entre fazendeiros e indígenas em Sidrolândia (MS). Um índio foi morto na semana passada em conflito com policiais federais e militares durante tentativa de desocupação da fazenda Buriti, que está em processo intermediário de demarcação como terra indígena. Na terça-feira, outro integrante da etnia terena foi baleado na fazenda São Sebastião, também invadida.

Em entrevista após um seminário com o governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB), promovido pelo instituto que leva seu nome, FHC afirmou que a responsabilidade pelos incidentes "é de todos os brasileiros". "Obviamente a relação se extremou e isso é responsabilidade do governo. Dos governos. Porque não pode deixar chegar a esse ponto, matar gente. Às vezes acontece", disse o ex-presidente.

Ele lembrou do massacre de sem-terra em Eldorado dos Carajás, em 1996, no Pará, durante seu governo. Na ocasião, 19 trabalhadores foram mortos por policiais militares. "Não houve lá aquela matança no meu tempo?", perguntou FHC. "Só que foi o governo do Pará, local, mas eu paguei um preço alto e não tinha nada a ver com o assunto".

O ex-presidente afirmou que o mesmo ônus recairá sobre o governo federal pela morte do índio terena Oziel Gabriel, na quinta passada. "É a mesma coisa agora: mataram. Não pode. Acho que é um descontrole, e isso vem de longe. Tem que regularizar mais depressa essas terras indígenas e tem que ter bom senso na regularização", disse FHC, para quem o governo demorou a intervir.

Ele evitou responsabilizar unicamente a administração federal, mas afirmou que houve "insensibilidade" do poder público. "[Foi uma] falha de muitos setores, é difícil dizer: pressão dos proprietários, pressão dos indígenas, insensibilidade do governo local, insensibilidade do governo federal, é tudo junto", concluiu.

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