A França convocou o embaixador dos EUA nesta segunda-feira para que a autoridade dê explicações sobre as novas alegações de espionagem contra os cidadãos franceses. A medida coloca as questões de vigilância e privacidade entre as prioridades da agenda no futuro encontro do secretário de Estado dos EUA, John Kerry, com oficiais europeus.
O ministro de Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, afirmou que convocou o embaixador dos EUA na França para pedir explicações sobre uma reportagem publicada no jornal Le Monde. A publicação trazia informações com base em supostos documentos fornecidos pelo ex-funcionário da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA, na sigla em inglês) Edward Snowden.
"Este tipo de prática contra parceiros é um ataque à privacidade, e é totalmente inaceitável", disse Fabius em um encontro da União Europeia em Luxemburgo. Os comentários do ministro foram feitos logo antes da chegada de Kerry em Paris, como parte de uma planejada viagem que também incluirá Londres e Roma.
De acordo com o Le Monde, a NSA coletou mais de 70 milhões de registros telefônicos na França, incluindo, gravações de conversas e mensagens de textos, entre os primeiros dias de dezembro de 2012 e o começo de janeiro de 2013.
Uma porta-voz da embaixada dos EUA em Paris não quis comentar sobre a convocação ou sobre a reportagem.
Os governos europeus têm reagido com diferentes graus de indignação desde que Snowden divulgou documentos confidenciais que supostamente detalham o extenso alcance das operações de vigilância dos Estados Unidos. As informações fornecidas pelo delator foram publicadas em vários jornais ao redor do mundo.
A França se juntou a uma iniciativa conjunta dos governos da União Europeia para pedir que os EUA se expliquem depois de revelações iniciais de espionagem contra os governos e instituições europeias. As acusações deram nova vida às propostas de uma lei de privacidade em toda a Europa. Mas nos últimos meses, o furor e a indignação foram se atenuando.
Nesta segunda-feira, Fabius levantou a possibilidade de uma intensificação dos esforços. "Nós já havíamos sido alertados em junho e já havíamos reagido de maneira firme", afirmou. "Mas claramente nós precisamos ir ainda mais além". Fonte: Dow Jones Newswires.