Fruticultores se preparam para combater doença da tangerina

Jornal O Norte
21/07/2005 às 17:13.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:48

Os produtores de tangerina do Vale médio Paraopeba, região central do estado estão se mobilizando para combater a alternária, doença detectada nos pomares no ano passado e que já está provocando perdas significativas.

O escritório da Emater, em Brumadinho, realizou, no início do mês, palestras para orientar sobre alternativas de controle da doença, causada pelo fungo Alternaria alternata, que provoca queda precoce dos frutos. Os que não caem ficam com manchas marrons características da doença, que reduzem o valor de mercado da tangerina - também conhecida como mexerica na região.

O extensionista, Jamilson Wagner de Andrade Carvalho, um dos palestrantes, estima que a perda nesta safra, até setembro, deverá chegar a 10%.

- Além da alternária que apareceu recentemente, os produtores de tangerina ainda enfrentam problemas com a mosca da fruta - lembra Jamilson.

Ele recomenda, entre outras medidas preventivas contra a alternária, manter um bom espaçamento entre as plantas, além da realização de podas, nas árvores adultas. O ideal é manter uma distância de seis metros entre as plantas, o que dificulta a proliferação dos fungos.

- No caso de pomares já formados, em que não tenha sido feito o espaçamento adequado, é preciso pelo menos fazer podas entre os galhos, para manter as árvores mais arejadas - explica.

PERDAS FUTURAS

A região do Vale médio Paraopeba, que inclui, além de Brumadinho, distante 45 quilômetros de Belo Horizonte, também os municípios de Belo Vale, Bonfim, Moeda, Cruzilândia e Piedade dos Gerais, é o maior produtor de tangerina do estado.

São 772 hectares plantados somente em Brumadinho, com produtividade média de 16 toneladas por hectare. A quebra da safra neste ano no município deve ser de 1.235 toneladas. A disseminação do fungo da alternária é atualmente a maior preocupação dos fruticultores locais, que temem maiores perdas nas próximas safras, caso a doença atinja maiores proporções.

O produtor, Divino Antunes da Fonseca, com 7,5 hectares plantados com tangerina ponkan, até agora foi um dos menos atingidos pela alternária. De 3 mil pés plantados em seu pomar, em apenas 16 foram detectados sinais da doença - cerca de 0,5% do total.

- O pomar dele está com bom espaçamento - comenta Jamilson Carvalho. Divino participou da palestra em que o técnico da Emater-MG mostrou aos produtores outras medidas para o combate ao fungo, como a correta adubação. O fungo, transmitido principalmente pelo ar e pelas caixas usadas para carregar as frutas, ataca primeiro folhas e ramos novos. Por isso, recomenda-se evitar adubação com excesso de nitrogênio, que faz a planta vegetar mais, tornando-a mais suscetível ao fungo. No inverno, é importante fazer podas para retirar as partes contaminadas e melhorar o arejamento da planta.

FUNGICIDA CERTO

Outra medida indispensável, no caso de plantas já atingidas pela alternaria, é a aplicação correta de fungicida específico para a doença. Seu custo, entretanto, é considerado alto pelos fruticultores, que têm assim seu ganho com a plantação reduzido.

- Numa caixa de 16 quilos vendida a até R$ 6, na Ceasa, às vezes sobra apenas R$ 2 para o produtor - comenta Jamilson.

Um dos fungicidas usados custa cerca de R$ 130 o litro. A quantidade é suficiente para aplicação em quatro hectares, o que precisa ser feito a cada vinte dias.

Complementando o ciclo de palestras, o coordenador regional de Fruticultura da Emater-MG, Juscelino Eugênio de Siqueira Rabelo alertou os produtores para a importância da correção da acidez do solo e da adequada adubação da tangerina durante todo o ciclo anual da planta, o que pode ajudar a torná-la mais resistente aos efeitos da contaminação pelo fungo da alternária.

- A Emater-MG orienta os produtores para a coleta de amostras de solo e de folha e no encaminhamento aos laboratórios de análises. Além disso, faz também a interpretação dos resultados, para que possam ser feitas a correção do solo e a adubação equilibrada para alcançarem a produtividade e a qualidade de frutos esperadas em seus pomares. No caso da adubação é importante ressaltar que deve ser feita de forma parcelada, no momento oportuno, na dosagem correta e onde está concentrada a maior parte das raízes - informa.

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