Diz a sabedoria popular que um cavalo não passa arreado duas vezes. No início dos anos 1990, a Nintendo pediu à Sony para selar o potro, mas não montou nele. E a Sony montou e deu no que deu.
Isso porque a Big N tinha encomendado para sua conterrânea um leitor de discos que seria acoplado ao Super Nintendo ou ao seu projeto futuro. Ela já tinha sido surpreendida pela Sega, com o Sega CD e sabia que outras empresas estavam trabalhando em consoles que utilizam discos óticos no lugar de cartuchos.
A Sony criou o protótipo, mas no meio do caminho a galera do Super Mario desistiu da empreitada e deixou os parceiros a ver navios. Na época, a Nintendo alegou que o tempo de carregamento dos discos comprometia a experiência de jogo e, por essa razão, continuaria com seus cartuchos.
Com o protótipo pronto, a Sony pensou: "por que não fazer meu próprio console?". E assim, em 3 de dezembro de 1994 nasceu o PlayStation.
A PS1 chegou poucos meses após a estreia do sistema 3DO (que tinha Panasonic, Sanyo e LG como parceiros), assim como do Sega Saturn, que tinha sido lançado em novembro. Mas foi o PS1 que consolidou o CD-ROM como mídia para jogos.
Com jogos modernos, tridimensionais e uma lista farta de franquias exclusivas, a Sony dominou o mercado. Games como Gran Turismo, Final Fantasy VII, Metal Gear Solid, Crash Bandicoot e Castlevania The Symphony of Night pavimentaram o caminho do PlayStation.
Memory Card
O PS1 trouxe um recurso inovador, o Memory Card. Tratava-se de um pequeno cartão que permitia aos jogadores salvar seus avanços nos títulos. Era mais que necessário, uma vez que o console não tinha armazenamento interno e os discos óticos não permitiam gravações.
O Memory Card original tinha capacidade de 8 MB, que permitia salvar uma boa quantidade de campanhas. Cada jogo tinha um ícone animado. Coisa boba nos dias de hoje, mas que há 30 anos era o máximo.
O PlayStation também era capaz de reproduzir CDs de música. Assim, além de ser um videogame, também transformava a sala numa pista de dança.
DualShock
O PS1 também trouxe para o mercado seu revolucionário joystick PlayStation Controller. O acessório tinha leve inspiração no joystick do Super Nintendo (que fora usado no protótipo que a Big N desprezou), mas trazia quatro gatilhos e dois punhos que tornavam os movimentos do polegares e indicadores mais confortáveis.
Pouco depois, em 1997 o joystick evoluiu para o DualShock. Ele ganhou um par de comandos analógicos. As duas manetes mudaram para sempre a forma de jogar videogame e permitiu movimentação espacial em todas as direções.
O DualShock provocou um impacto tão grande que foi mantido no PS2 e PS3 praticamente com o mesmo design. Só foi redesenhado em 2013, com a chegada do DualShock 4 do PS4 e que posteriormente foi substituído pelo DualSense (PS5).
Com 102,5 milhões de unidades vendidas entre 1994 e 2006, o PS1 transformou a Sony na gigante dos videogames, desbancando antigos players como SNK, NEC e Sega, que desistiram da empreitada de fabricar consoles. A debandada da Nintendo com o projeto do CD-ROM se mostrou um duro golpe.
Ela só conseguiu lançar seu console com discos, o Game Cube, em setembro de 2001. O problema era que a Sony já tinha lançado o PS2 e já trabalhava no poderoso PS3, que iria estrear no final de 2006.
Além disso, o PS1 mostrou que um console doméstico era capaz de concorrer com computadores e estimulou a Microsoft a entrar na dança com o Xbox. Valeu, Big N!