Veio da obra da escritora Conceição Evaristo a inspiração para a criação de joias. Parceria entre diversos artistas da moda contemporânea e batizada de “Olhos d’água”, a coleção tem a designer de joias mineira Gabriella Santos, CEO da marca de mesmo nome, como criadora dos acessórios, e foi lançada em um desfile no Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira, em Salvador-BA.

A coleção surgiu após um convite da estilista Mônica Anjos, durante a Feira Preta, no Parque do Ibirapuera, na capital paulista, em maio de 2024. O projeto celebra o percurso literário de Conceição Evaristo, importante por representar as vivências e a ancestralidade do povo negro brasileiro. A escritora, nascida em Belo Horizonte, é uma das imortais da Academia Mineira de Letras.

"Conceição Evaristo é uma voz poderosa. Materializar em joalheria toda essa força literária unida à potência criativa de Mônica Anjos foi um delicioso desafio. Cada peça foi pensada para refletir a profundidade e a sensibilidade dos contos de 'Olhos D'água'”, conta Gabriella. “Para isso, usei fios de metal simbolizando seus contornos poéticos e ao mesmo tempo a força feminina presente na obra. Todo o trabalho é realizado por mim em ourivesaria artesanal e o miolo dos olhos em uma técnica própria que denomino eco-gemas, feitas a partir de retalhos de papel. Elas representam os diferentes contornos e atravessamentos do universo feminino”, completa.

O desfile destacou a fusão entre moda e literatura, com estampas criadas por Júnior Pakapym, bolsas de Andréia Brasis e, além de Gabriella Santos, Afrotik forneceu acessórios para a coleção. O desfile na capital soteropolitana contou com casting assinado por Carlos Cruz e styling de Samantha Urban. Em julho, foi a vez de apresentar a coleção em São Paulo, na Casa de Criadores.

Sobre Gabriella Santos

Ourives e consultora de imagem, Gabriella Santos é a designer por trás da marca que carrega o próprio nome. A marca mineira, nascida em 2013, inova em desenvolvimento e pesquisa de técnicas para aplicação do papel em joalheria contemporânea.

As produções são coloridas e atemporais, visando sustentabilidade ao buscar materiais de baixo impacto ambiental e reaproveitamento das sobras geradas no ateliê, ressignificando-as ao criar possibilidades de aplicações para as mesmas em técnicas como quilling, nascido no antigo Egito, e criações como a marchetaria upclycling e as eco-gemas, feitas em papel e que caminham na contramão do extrativismo e garimpo predatório.

A marca já esteve em cidades brasileiras como São Paulo, Brasília, Tiradentes, Ouro Preto, Paraty, Belo Horizonte e Olinda, além de Granada – Espanha.