O deputado estadual de São Paulo, Arthur do Val (União Brasil), líder do Movimento Brasil Livre (MBL), deve renunciar ao mandato nesta quarta-feira (20). O ato acontece depois que áudios sexistas do parlamentar sobre mulheres ucranianas vazaram na internet e geraram revolta.
O deputado já é alvo de processo de cassação na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), mas a decisão não interrompe o andamento do processo na Casa, que pode torná-lo inelegível por oito anos. Ele é julgado por quebra de decoro parlamentar.
Em entrevista à Folha de S. Paulo, Arthur do Val alega perseguição política. "Sem o mandato, os deputados agora serão obrigados a discutir apenas os meus direitos políticos e vai ficar claro que eles querem na verdade é me tirar das próximas eleições. Estou sendo vítima de um processo injusto e arbitrário dentro da Alesp. O amplo direito a defesa foi ignorado pelos deputados, que promovem uma perseguição política", disse o deputado.
"Vou renunciar ao meu mandato em respeito aos 500 mil paulistas que votaram em mim, para que não vejam seus votos sendo subjugados pela Assembleia. Mas não pensem que desisti, continuarei lutando pelos meus direitos", completa.
Misoginia
No início de março, áudios sexistas do parlamentar foram divulgados nas redes sociais. Em um deles, ele diz que as ucranianas "são fáceis porque são pobres". A fala se deu quando o parlamentar viajou à Eslováquia, na fronteira com a Ucrânia, para ajudar os refugiados e mostrar a situação da guerra com a Rússia.
O áudio que traz essa afirmação sexista foi vazado de um grupo do MBL. "Só vou falar uma coisa para vocês: acabei de cruzar a fronteira a pé aqui, da Ucrânia com a Eslováquia. Eu juro, nunca na minha vida vi nada parecido em termos de 'mina' bonita. A fila das refugiadas... Imagina uma fila, sei lá, de 200 m, só deusa. Sem noção, inacreditável, fora de série. Se pegar a fila da melhor balada do Brasil, na melhor época do ano, não chega aos pés da fila de refugiados aqui".
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