HOMENAGEM

Brumadinho ganha memorial às 272 vítimas seis anos após tragédia

Cerimônia especial será realizada neste sábado, a partir das 15h, restrita a familiares e comunidade local

Do HOJE EM DIA
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Publicado em 24/01/2025 às 18:20.Atualizado em 24/01/2025 às 18:44.
 (Leo Drumond/Nitro/Árvore Comunicação/Divulgação)
(Leo Drumond/Nitro/Árvore Comunicação/Divulgação)

Seis anos após uma das maiores tragédias ambientais do mundo, Brumadinho inaugura neste sábado (25) um memorial dedicado às 272 vítimas do rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão. A solenidade especial terá a presença restrita de familiares, autoridades e comunidade local. A visitação ao público será aberta somente na próxima quarta-feira (29).

Fruto da mobilização de parentes dos que perderam a vida na tragédia - sendo 251 trabalhadores, dois nascituros, moradores e turistas - quando a estrutura da mina da Vale rompeu, em 25 de janeiro de 2019, deixando também um rastro de milhões de metros cúbicos de lama e rejeitos pelo caminho, a estrutura foi erguida no local do rompimento. 

O espaço vai preservar a memória e homenagear as vítimas, por meio de exposições, acervo, pesquisa e ações educativas, mobilizando dinâmicas de reflexão sobre a maior tragédia humanitária do país para que desastres como este não se repitam. Reúne um bosque com 272 ipês amarelos, plantados em homenagem a cada uma das vítimas, uma escultura-monumento, área meditativa, uma drusa de cristais, duas salas de exposição, além de um espaço dedicado à guarda digna e honrosa dos segmentos corpóreos das vítimas.

O que é construção in situ?

A ideia segue o que foi feito no Cais do Valongo, principal porto de entrada de africanos escravizados no Brasil e nas Américas, localizado na  capital fluminense, assim como no Espacio Memoria y Derechos Humanos (ESMA), na Argentina, o Memorial 11 de Setembro, nos Estados Unidos, e no Memorial de Auschwitz, na Polônia, todos construídos in situ, ou seja, no local onde o evento ocorreu.

“O Memorial Brumadinho é um espaço de rememoração e de reflexão, pautado no compromisso ético de reparação simbólica a partir das memórias daqueles que foram vitimados pelo rompimento da barragem”, diz Fabíola Moulin, presidente da Fundação Memorial de Brumadinho, instituição de direito privado sem fins lucrativos, criada em 2023 para manter e gerir o espaço. “Sua existência reflete a importância de não esquecer esse acontecimento e de compreendê-lo como uma prática de violência contra a humanidade e o meio ambiente”, afirma. 

Fabíola sinaliza um interesse do Memorial em atuar em convergência com vítimas e  projetos de memória de outras tragédias. “O Memorial Brumadinho tem o potencial de posicionar o Brasil como referência em iniciativas que tratam de memórias traumáticas, estabelecendo diálogo com outros países que enfrentaram tragédias semelhantes”, completa.

Como o Memorial foi criado?

Em maio de 2019, familiares das vítimas protocolaram no Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) a solicitação da construção de um “Parque Memorial em homenagem às vítimas da tragédia na cidade de Brumadinho”, com a assinatura de cerca de 100 pessoas. Dessa mobilização nasceu também a Associação de Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão (AVABRUM), que passou a representar formalmente os interesses do grupo, bem como a pleitear a participação ativa no processo de construção do Memorial.

Em 25 de janeiro de 2020 (um ano após a tragédia), os familiares celebraram a conquista com a pedra fundamental do Memorial. Três anos depoisfoi firmado o Termo de Compromisso entre a Vale e a AVABRUM, com anuência do MP, que fundamenta a criação da Fundação Memorial de Brumadinho. 

“Aqui a gente vai dignificar todas as mortes, a gente vai contar realmente o que aconteceu”, reforça Kenya Lamounier, que perdeu o marido na tragédia e hoje é  membro do conselho-curador do Memorial e da diretoria da AVABRUM.

Pai e avô de vítimas, e presidente do conselho-curador da Fundação Memorial de Brumadinho, Vagner Diniz ressalta que o Memorial Brumadinho torna-se realidade após um trabalho marcado por muitos desafios para torná-lo operacional e representativo dos familiares, garantindo uma governança independente e alinhada às famílias das vítimas.

“Entre todas as ações, obras e grandes acordos que já foram celebrados a partir do rompimento da barragem da Vale no Córrego do Feijão, o Memorial é a iniciativa que efetivamente escuta os familiares de vítimas e permite que se apropriem do que ele significa”, pondera Diniz.. 

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