Saúde

Campanha foca em jovens para alertar sobre efeitos negativos do cigarro eletrônico

Agência Brasil
29/08/2022 às 16:46.
Atualizado em 29/08/2022 às 16:48

No Dia Nacional de Combate ao Fumo, lembrado nesta segunda-feira (29), a Fundação do Câncer e a Associação Nacional das Universidades Particulares (Anup) lançaram a campanha "Cigarro Eletrônico: Parece Inofensivo, Mas Não É", destinada à população em geral, mas com foco especial nos jovens.

Em entrevista à Agência Brasil, o cirurgião oncológico e diretor executivo da Anup, Luiz Augusto Maltoni, disse que o cigarro eletrônico foi escolhido para tema da campanha deste ano porque embora sua comercialização e propaganda estejam proibidas no país pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 2009, sabe-se que o produto "está difundido no meio dos jovens e é uma porta de entrada importante para o vício do tabaco".

Segundo Maltoni, os cigarros eletrônicos vêm disfarçados em uma série de formatos, aromas e sabores, quando às vezes carregam até concentrações de nicotina muito maiores do que o cigarro convencional. Por norma, o cigarro convencional pode ter até um grama de nicotina, que é a substância que vicia, enquanto os cigarros eletrônicos chegam a ter até sete gramas por unidade, disse o médico.

Pesquisa
De acordo com pesquisa recente do Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis em Tempos de Pandemia (Covitel), realizada pela Vital Strategies e pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), um em cada cinco jovens no Brasil, na faixa de 18 a 24 anos, usa o cigarro eletrônico.

Maltoni alerta que "20% é muito alarmante".

Trata-se de um dispositivo que está proibido no país, ressalta o médico. E, por isso, disse que o foco da campanha é trabalhar com os jovens para sensibilizá-los que, de fato, o cigarro eletrônico é uma enganação. “Ele não é inócuo, mas produz uma série de doenças e agravos”, alerta.

Uma pesquisa do Ministério da Saúde apontou que mais de 2 milhões de pessoas já usaram os chamados dispositivos eletrônicos (DEFs) para fumar, sendo a maior prevalência entre jovens de 18 e 24 anos. Além de chamar a atenção para o perigo dos cigarros eletrônicos, a ação objetiva destacar que a venda desses produtos é ilegal e estimular os cidadãos a denunciarem os pontos de venda desses dispositivos, não só de venda física, como bancas de jornais e tabacarias, como até pela internet.

A presidente da Associação Nacional das Universidades Privadas (Anup), Elizabeth Guedes, salientou que as instituições de ensino de todo o país “têm um papel social importante de esclarecimento e mobilização para que os jovens não adquiram esse hábito que pode trazer inúmeras consequências para a saúde”.

A Anup reúne 247 instituições particulares de Ensino Superior, atingindo três milhões de jovens do país.

O material da campanha pode ser baixado gratuitamente no site da Fundação do Câncer e fica disponível para divulgação em redes sociais e para impressão por todas as universidades, sejam públicas ou particulares, ressaltou o diretor executivo da Fundação do Câncer.

A concessionária Ecoponte é também parceira da campanha e vai divulgá-la nos displays de led na Ponte Rio-Niterói.

Doenças
O médico esclareceu que o cigarro eletrônico produz grande volume de substâncias tóxicas e cancerígenas que levam a doenças importantes, como cânceres de pulmão, esôfago, boca, pâncreas, bexiga, entre outros; doenças cardiovasculares com forte relação com tabaco, entre as quais infarto e derrame cerebral; e doenças pulmonares, como enfisema.

“Essas são um pouco da abrangência dos males dos produtos decorrentes tanto do cigarro convencional, como do cigarro eletrônico, que vem travestido de aromas e sabores e formatos, como pen drive, para enganar os jovens que pode ser inócuo”, disse o cirurgião oncológico.

Maltoni lembrou ainda que o cigarro eletrônico tem mostrado um comprometimento da saúde de formas que não eram conhecidas. Nos Estados Unidos, por exemplo, foi registrada antes da pandemia da Covid-19 uma síndrome denominada Evali pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças, que identifica lesão pulmonar associada ao uso de produtos de cigarro eletrônico ou vaping.

"É uma inflamação aguda dos pulmões em jovens. Esses pacientes vão para CTIs e são entubados. Há relatos de alguns jovens que são submetidos a transplante de pulmão pela destruição dos pulmões por esse processo inflamatório agudo e tem relação com o cigarro eletrônico", disse.

Maltoni alerta para as explosões que os cigarros eletrônicos proporcionam, devido a possuírem bateria e líquidos inflamáveis, destruindo vasos da boca e dedos, além de queimaduras graves em braços e pernas.

Os  dispositivos eletrônicos contêm metal, plástico, baterias e circuitos. Além disso, os resíduos de cigarros eletrônicos não são biodegradáveis e os cartuchos ou dispositivos descartáveis geralmente se decompõem em microplásticos e produtos químicos que poluem ainda mais os cursos d'água.

Leia Mais:

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por