Repercussão na Web

Estúdios Flow perdem contrato comercial após Monark defender existência de partido nazista

Lucas Sanches
@sanches_07
08/02/2022 às 14:09.
Atualizado em 08/02/2022 às 17:16

Após o apresentador Monark defender a existência de um partido nazista durante exibição do Flow Podcast na noite dessa segunda-feira (7), a empresa responsável pela produção e divulgação do conteúdo foi alvo de diversas críticas nas redes sociais, e perdeu parcerias e contratos já na manhã desta terça-feira (8).

Na mesa do programa, estavam com ele o outro apresentador, conhecido como Igão 3k, além dos deputados federais Tabata Amaral (PSB-SP) e Kim Kataguiri (Podemos-SP).

Monark começou o argumento dizendo que “a esquerda radical tem muito mais espaço do que a direita radical” e, na opinião dele, “as duas tinham que ter espaço”. “Eu sou mais louco do que vocês. Eu acho que tinha que ter partido nazista reconhecido pela lei”, afirmou.

Na sequência, Tabata Amaral interrompe e pontua que “liberdade de expressão termina onde a sua expressão coloca a vida do outro em risco. O nazismo é contra a população judaica. Isso coloca uma população inteira em risco”. Mesmo assim, o apresentador insiste, e afirma que “se um cara quisesse ser anti-judeu, eu acho que ele tinha o direito de ser”. Ele ainda pergunta: “Você vai matar quem é anti-judeu? […] Ele não está sendo anti-vida, ele não gosta dos ideais [dos judeus]”.

A declaração causou indignação e revolta nas redes sociais. No Twitter, o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) afirmou que o posicionamento de Monark "é tão problemático que chega a ser difícil acreditar que alguém teve coragem de falar tamanho absurdo".

A cientista política Nailah Neves pontou ainda que o apresentador "está fazendo uma apologia a um partido que pregaria a morte a mais da metade da população brasileira".

Em nota, a Confederação Israelita do Brasil (Conib) condenou a fala de Monark, e relembrou as 6 milhões de mortes de judeus em decorrência do regime nazista entre os anos 1930 e 1940. "O nazismo prega a supremacia racial e o extermínio de grupos que considera 'inferiores'. O discurso de ódio e a defesa do discurso de ódio trazem consequências terríveis para a humanidade, e o nazismo é sua maior evidência histórica", afirmou a entidade.

Parcerias encerradas

A Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ), que tinha contrato com os Estúdios Flow para a exibição do campeonato carioca em 2022, anunciou o rompimento do vínculo com o grupo. A instituição se declarou "defensora da igualdade, do respeito e contrária a qualquer tipo de preconceito", e reforçou que os crimes cometidos no regime extremista "até os dias de hoje causam horror a qualquer um que preze pela vida".

Ainda, a Mondelez Brasil, detentora da marca BIS, anunciou que fez parcerias pontuais com os Estúdios Flow em 2021, e não terá mais o nome vinculado à empresa. O mesmo aconteceu com a marca esportiva Puma, que em nota, esclareceu que participou de ações com o grupo, mas não patrocina o Flow.

No fim da tarde, o Fatal Model, outro patrocinador do Flow Podcast, também cancelou a parceria. "Repudiamos e sempre repudiaremos qualquer forma de discriminação, preconceito e violência", diz a nota.

Retratação

No começo da tarde desta terça-feira, o apresentador publicou um vídeo no Twitter em que pede desculpas pela declaração. "Estava muito bêbado e fui insensível com a comunidade judaica, só peço perdão por isso", disse.

No Brasil, a Lei 7.716/89 prevê como crime, no artigo 20, "praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional". O ato é considerado crime inafiançável, podendo acarretar até cinco anos de prisão, além de multa.

No fim desta tarde, os Estúdios Flow publicaram uma nota informando o desligamento de Monark da empresa.

"Pedimos desculpas à comunidade judaica em especial e a todas as pessoas, bem como repudiamos todo e qualquer tipo de posicionamento que possa ferir, ignorar ou questionar a existência de alguém ou de uma sociedade"

Veja nota na íntegra:

Leia mais:
Influencers acionam justiça para reaver contas suspensas pelo Instagram
Banco Central anuncia novo site para consultar dinheiro 'esquecido' em bancos

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por