Nove em cada 10 adolescentes brasileiros, de 13 a 17 anos, conseguem comprar cigarros em locais comerciais autorizados, como padarias, cafeterias, mercados e bancas de jornal, revela estudo do Instituto Nacional de Câncer (Inca) divulgado nesta sexta-feira (3). A legislação do Brasil proíbe a venda desse produto a menores de 18 anos.
O estudo usa dados de pesquisas escolares. Entre 2015 e 2019, essa venda proibida cresceu de 81,1% para 89,6%. Outro dado importante é que 70% dos menores de idade adquirem cigarro unitário, o que significa que os postos de venda abrem o maço e comercializam unidades avulsas, o que também está em desacordo com a lei.
Para o diretor executivo da Fundação do Câncer, Luiz Augusto Maltoni, o levantamento mostra que os adolescentes têm tido facilidade em comprar cigarros em locais onde a venda para menores não deveria ocorrer.
“Quando se viola um maço ou embalagem de cigarro qualquer, que é produto para consumo, você está colocando em risco a integridade do produto. Não se sabe se o que havia ali dentro foi alterado”, alertou o diretor executivo. “São duas transgressões importantes. Primeiro, não cumprindo a lei em relação a vender para menores de idade e, segundo, vender o cigarro avulso, que é outra transgressão que a lei não permite”.
De acordo com Luiz Maltoni, pais, sociedade e instituições de controle devem manter vigilância no combate ao tabagismo no Brasil, mesmo com a queda em mais de 50% do número de fumantes no país. “A gente percebe que não tem conseguido avançar muito mais nessa redução. É preciso manter constantemente a atenção sobre todos esses pontos, para atuar na faixa etária em que existe oportunidade maior de fazer com que o hábito de fumar não se inicie e, portanto, o vício entre as crianças, os jovens e adolescentes”.
Segundo o diretor, desde 2019, Brasil e Turquia são citados como dois países que adotaram todas as medidas de combate ao tabaco estabelecidas em 2005 pelo Relatório MPOWER, da Organização Mundial da Saúde (OMS). “Não podemos deixar que a falta de fiscalização ou que as novas formas de fumar, como os cigarros eletrônicos, reaqueçam esse mercado com a formação de novos públicos”.
O fumo, ativo ou passivo, pode levar a diversos problemas de saúde, como doenças cardíacas, respiratórias e câncer.
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