Após dez anos de espera, a Justiça inocentou Albertino Teixeira, ex-prefeito de Santa Cruz de Salinas, região Norte de Minas. Na sentença, o juiz Irany Laraia Neto, da comarca de Salinas, absolveu o ex-prefeito e mandou devolver todos os bens que haviam sido bloqueados durante a tramitação do processo.

O julgamento é um desdobramento da operação “Máscara de Sanidade”, realizada em 2012 para apurar desvios de recursos na gestão de saúde de cidades norte-mineiras. O então prefeito chegou a ficar preso por seis meses. A investigação deu origem a uma série de outras ações e terminou com a prisão de mais 22 pessoas. 

Albertino comemorou a absolvição. “Eu e minha família sofremos muito com essa prisão injusta, foi muita humilhação. Mas tínhamos fé que a justiça seria feita, pois a justiça tarda, mas não falha. E agora, enfim, mesmo com todo dano à minha honra e imagem, tudo foi minimizado com o reconhecimento da minha inocência”.

Em nota, o advogado Bruno Cândido, responsável pela defesa do ex-prefeito, afirmou que esta é a segunda absolvição de Albertino nas ações penais decorrentes da Operação “Máscara da Sanidade”. “Restou comprovado que o ex-prefeito não praticou e nem concorreu para a prática dos crimes que lhe foram imputados pelo Ministério Públicos (MP)”.

Também foram inocentados os demais acusados de envolvimento no caso, entre eles o irmão do ex-prefeito, Manoel Teixeira da Cruz, à época vereador na cidade, e outras seis pessoas que respondiam por formação de quadrilha com o objetivo de fraudar licitações.

Santa Cruz de Salinas tem aproximadamente 4 mil habitantes. O PIB local é um dos menores de Minas, o que coloca o município em 734º lugar entre os 853 do Estado. Segundo o IBGE, apenas 26% das moradias têm esgotamento sanitário adequado e a cidade ocupa a 12ª posição entre os municípios mineiros com maior mortalidade infantil. Na época da operação realizada pelo Ministério Público, as investigações e as prisões causaram grande impacto na população.

Acusação

Segundo investigação do Ministério Público (MP) e da Polícia Federal, um empresário do ramo da construção civil de Montes Claros teria montado um esquema para desvio de dinheiro público com a participação de servidores e políticos para fraudar licitações em mais de 40 cidades do Norte de Minas.

No caso de Santa Cruz de Salinas, o MP concluiu que uma licitação para construção de rede de esgoto e captação de água na cidade teria sido usada para disfarçar o repasse de verba pública a grupos da região. A Justiça, no entanto, entendeu que não há provas das acusações.

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