Organismos microscópicos subterrâneos que teriam vivido em Marte podem ter alterado a atmosfera do planeta de tal forma que acabaram desencadeando uma Era do Gelo. Com isso, toda a vida se extinguiu, de acordo com estudo publicado nessa segunda-feira (10) na revista Nature Astronomy.

As descobertas fornecem uma visão sombria da evolução da vida em nosso universo. Mesmo seres simples como micróbios “podem realmente causar a própria morte”, comentou o pesquisador Boris Sauterey, da Universidade de Sorbonne, principal autor do estudo, em entrevista para o jornal britânico The Guardian.

Para ele, os achados “são um pouco sombrios, mas acho que também são muito estimulantes”. “Eles nos desafiam a repensar a maneira como a biosfera e o planeta interagem”.

Os pesquisadores usaram modelos climáticos e de terreno para avaliar a capacidade da crosta de Marte abrigar vida há quatro bilhões de anos, que é o período em que se imagina que o Planeta Vermelho estivesse cheio de água e muito mais hospitaleiro do que vemos hoje.

Os cientistas acreditam que os micróbios produtores de metano e devoradores de hidrogênio podem ter florescido logo abaixo da superfície marciana, com dezenas de centímetros de pó e sujeira sobre eles, formando uma camada protetora contra a forte radiação cósmica. Qualquer lugar livre de gelo poderia estar repleto desses organismos, de acordo com Boris Sauterey, assim como ocorreu na Terra primitiva.

O clima supostamente úmido e quente do passado de Marte teria sido prejudicado pela enorme quantidade de hidrogênio que era retirado da atmosfera fina e rica em dióxido de carbono (CO²), revela o cientista ao The Guardian. À medida que as temperaturas caíam para cerca de -200º C, todos os organismos que viviam na superfície ou perto dela provavelmente precisaram se aprofundar no solo, na tentativa de sobreviver.

Quais seriam os melhores lugares do Planeta Vermelho para procurar vestígios dessa vida ancestral? Os pesquisadores sugerem a inexplorada planície Hellas ou a cratera Jezero, na borda noroeste da planície Isidis, local em que o robô espacial Perseverance, da Nasa, está coletando rochas para trazer para a Terra daqui a 10 anos.

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