Mercado de Trabalho

Vagas de emprego ressurgem em Minas, mas para salários menores

Hermano Chiodi
hcfreitas@hojeemdia.com.br
07/06/2022 às 07:59.
Atualizado em 07/06/2022 às 08:08

Maioria das vagas é para funções básicas no comércio e em serviços, mas encontrar mão de obra não está sendo fácil (Maurício Vieira/Hoje em Dia)

Quem anda pelas ruas de Belo Horizonte já percebeu que as plaquinhas de “contratamos” voltaram a aparecer nas vitrines de lojas e outros estabelecimentos. Movimento que anima quem busca emprego, mas que, segundo especialistas, está concentrado em funções básicas no setor de comércio e serviços, com salários menores que os pagos antes da pandemia e ainda pressionados por uma inflação acima da meta.

“Esses empregos são resultados de uma melhora no setor de serviços por causa do fim das restrições provocadas pela pandemia, mas a gente não sabe até quando vai esse fôlego e a indústria ainda está andando de lado. É uma melhora, mas não é o melhor dos mundos”, avalia o economista Paulo Casaca, professor do Ibmec.

No restaurante de Pedro Ambrosio, na região do Prado, em Belo Horizonte, as placas de “contrata-se” estão na porta com vagas para chapista, auxiliar de cozinha e caixa, já há algum tempo, mas com interessados. “Houve procura, mas ainda não encontramos o perfil adequado para contratação”, conta o responsável pelo local.

A abertura de vagas reflete nos números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados nesta segunda-feira (6). São três meses de resultados positivos que deram um saldo de aproximadamente 700 mil novos empregos formais. Só em Minas, de acordo com o Caged, foram criadas, em abril, 78.443 vagas com carteira assinada, o que representa 10,1% de todas as oportunidades no país.

No Brasil foram 196.966 novos empregos formais em abril. O saldo é resultado de 1.854.557 admissões e de 1.657.591 desligamentos. Com isso, os trabalhadores com carteira assinada no país chegaram a 41.448.948 vínculos, uma alta de 0,48% na comparação com o mês anterior.

Tanto em Minas quanto no Brasil a maior parte das vagas criadas são para trabalhadores com ensino médio completo, a maioria para vendedores do comércio, em lojas e mercados. Só em Belo Horizonte foram 1.630 oportunidades para este tipo de vaga.

O resultado é bom, mas ainda é 3,6% menor do que o registrado no mesmo período do ano passado.

Segundo o secretário-executivo do Ministério do Trabalho, Bruno Dalcolmo, esse saldo negativo “é testemunho de maior base; de um maior estoque de empregos, portanto é natural que o percentual de crescimento diminua ao longo do tempo”, disse, ao comentar que, no cenário de 2022, “não há expectativa de que se gere o mesmo número de empregos do ano passado, quando foram mais de 2 milhões de empregos”.

Dalcolmo explica que 2021 registrou um “histórico positivo” resultante de fatores como a recuperação da economia. “Dito isso, a expectativa para 2022 é bastante positiva, com criação entre 1,5 milhão e 2 milhões de empregos”.

“Apesar dos números positivos no emprego, o cenário futuro ainda traz a incerteza da guerra, juros altos e inflação acima da meta que vão consumir o rendimento dos trabalhadores”, contesta o economista Paulo Casaca. 

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