(Reprodução)
Tido como um dos principais projetos do governo do Estado para alavancar a nova economia de Minas Gerais, com forte viés tecnológico, a Cidade da Ciência e do Conhecimento, no bairro Horto, em Belo Horizonte, não tem data para sair do papel.
A abertura dos envelopes do processo licitatório (CO.057/2014) da primeira etapa das obras estava marcada para a manhã da última quarta-feira (4). Entretanto, o Departamento de Obras Públicas de Minas Gerais (Deop) adiou a licitação, sem estabelecer nova data. No comunicado, o Deop informou que a medida foi tomada por questões administrativas.
De acordo com o secretário de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais, Miguel Corrêa, a decisão pelo adiamento da licitação foi tomada para que o projeto pudesse ser revisto. O mesmo procedimento será realizado em vários outros projetos da gestão anterior, como o gasoduto que irá abastecer a planta de produção de amônia, em Uberaba.
Já o Deop informou, por meio de nota, que o governo do Estado está realizando uma análise da situação financeira e administrativa, que norteará a execução de programas, projetos e demais políticas públicas da nova administração.
Origem
A proposta da construção da Cidade da Ciência e do Conhecimento surgiu em maio de 2011, quando o arquiteto e urbanista Jaime Lerner, de Curitiba (PR), foi convidado para elaborar o projeto urbano e paisagístico do complexo.
Dois anos e meio depois, em novembro de 2013, o arquiteto apresentou o projeto executivo, com o detalhamento da obra (veja imagem abaixo).
Mas, antes mesmo de o projeto arquitetônico ser realizado, diversas instituições já ocupavam prédios no local. Atualmente já estão instalados oito institutos de tecnologia e inovação, além de três empresas de base tecnológica: o Csem Brasil, que é um centro de desenvolvimento e produção de painéis fotovoltaicos orgânicos e microssistemas em cerâmica; o Centro de Engenharia da Embraer – Empresa Brasileira de Aeronáutica; e a Biominas Brasil.
Na próxima semana, a Votorantim Metais irá inaugurar um centro de tecnologia. Outras empresas como as mineradoras Vale e CBMM estão interessadas em instalar laboratórios.
No local também já há instalações da Fundação Centro Tecnológico de Minas (Cetec), do Centro de Formação e Experimentação Digital (Plug Minas), do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), e da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig); o Museu e Jardim Botânico da UFMG; da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig). Futuramente, a Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) deverá construir um novo campus, na avenida José Cândido da Silveira.
Para o diretor-executivo do Centro de Inovação e Tecnologia Senai/Fiemg Campus Cetec, professor José Policarpo Gonçalves de Abreu, a cidade do conhecimento já está acontecendo, mas a ajuda governamental é importante para catalisar o processo.
“O importante é o conceito. Quando almoça todo mundo junto, as pessoas podem conversar sobre as mais diversas áreas do conhecimento. Se houver uma preocupação governamental, vai ser mais rápido”, afirmou o professor.
O argumento de Policarpo é que, na universidade, se produz conhecimento. Entretanto, é preciso transformar esse conhecimento científico em inovação. E isso seria potencializado com a proximidade desses diversos órgãos estatais e privados.