Grande Prêmio do Cinema Brasileiro consagra 'Benzinho'

Estadão Conteúdo
15/08/2019 às 12:39.
Atualizado em 05/09/2021 às 20:00

(Divulgação)

Foi uma bela festa. Começou com atraso, entrou pela madrugada de quinta-feira (15), mas o 18º Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, o primeiro realizado em São Paulo, celebrou música e cinema, e resistência. Cacá Diegues, um dos vencedores da noite - ganhou um monte de prêmios pelo seu Grande Circo Místico -, lembrou, no palco do Teatro Municipal, que o cinema brasileiro já atravessou tempos muito mais sombrios, e sobreviveu. Stepan Nercessian, melhor ator por Chacrinha - O Velho Guerreiro, de Andrucha Waddington, que também venceu o prêmio do público, dedicou seu Grande Otelo - o Oscar do cinema brasileiro - aos que não entendem e querem destruir nosso cinema, "mas não conseguirão".

Benzinho foi o grande vitorioso da noite. Venceu nas categorias de filme, direção (Gustavo Pizzi), roteiro original (Karine Teles e Pizzi), melhor atriz (Karine), melhor atriz coadjuvante (Adriana Esteves) e melhor montagem (Lívia Serpa). Adriana esteve gloriosa - concorria também a melhor atriz (por Canastra Suja) e, ao subir ao palco, por um momento ficou confusa por qual papel estava sendo premiada. Começou a agradecer pelo outro, antes que caísse a ficha - ou o apresentador Rodrigo Pandolfo lhe soprasse no ouvido e ela pusesse seu agradecimento, por Benzinho, nos trilhos. Chacrinha, indicado para 12 prêmios, perdeu a maioria, mas venceu com honra o melhor ator, o melhor filme do público e o prêmio de som, muito importante num musical. Cacá Diegues e a mulher, a produtora Renata Magalhães, levaram um balaio de prêmios, incluindo melhor roteiro adaptado (Cacá e George Moura), fotografia, direção de arte, efeitos visuais, figurino, maquiagem.

Na escadaria, antes que a festa começasse - com atraso -, houve protesto da Apaci, Associação Paulista de Cineastas, contra a descontinuidade do programa de fomento ao cinema paulista. No documento distribuído ao público, e endereçado ao governador João Dória, a entidade diz: "É lamentável que o secretário (de Estado da Cultura) Sérgio Sá Leitão seja o responsável pelo fim de um programa vitorioso, como tem sido o apoio da Sabesp ao cinema de São Paulo". Há 20 anos, ainda segundo o documento, "nosso cinema é apoiado pelo Fomento e cerca de 200 filmes foram feitos, vários sucessos de público, indicações ao Oscar, participações em Cannes, Berlim, no Sundance, etc." Aberta pelo presidente da Academia Brasileira de Cinema, a premiação seguiu um protocolo, e o presidente Jorge Pellegrino começou chamando ao palco Laís Bodanzky, da Spcine, o prefeito Bruno Covas, e os secretários Municipal e de Estado da Cultura, Alê Youssef e Sá Leitão.

Laís, muito aplaudida, iniciou sua fala dando novas da Mostra de São Paulo. Disse que, assim como a premiação da noite de quarta-feira, a Mostra de Cinema terá três dias (noites) de programação no Teatro Municipal. E mais - saudou o sucesso da São Paulo Film Comission que, em apernas três anos, virou a segunda em produtividade e importância da América Latina. Prova disso, destacou, a equipe do ator Keanu Reeves já está na cidade, fazendo o novo filme do astro. O prefeito fez um discurso digno de oposição. Citou números e eventos para destacar o compromisso de sua gestão, e de São Paulo, com a diversidade.
Repudiou a ideia de qualquer filtro, que comparou a censura, e foi muito aplaudido ao dizer que certificado ideológico não é requisito para participar das ofertas de financiamento de cultura da cidade.

Alê Youssef defendeu pluralidade como norma e o próprio Sá Leitão, criticado na entrada, antecipou o próximo anúncio do que definiu como o maior programas de Estado de incentivo ao audiovisual no Brasil. Serão R$ 200 milhões que o Governo do Estado pretende colocar no audiovisual, antecipou, sem fornecer detalhes. Embalada em música, a premiação teve momentos fulgurantes como a performance de Ney Matogrosso, cantando o tema Um Pouco de Calor, de Ralé, da independente Helena Ignez, e a presença da periferia, na vibrante interpretação do quarteto de Antônia, de o filme de Tata Amaral. Fecho de ouro - a homenagem a Zezé Motta, que recebeu um Grande Otelo especial por sua carreira. Na tela, apareceram cenas antológicas de Zezé em clássicos como Xica das Silva, de Cacá Diegues, e Tudo Bem, de Arnaldo Jabor. Numa festa que celebrou cinema e música, ela agradeceu cantando Missão, de João Nogueira. Foi, como não poderia deixar de ser, aplaudida de pé.


Lista dos vencedores:

Melhor Longa-metragem de Ficção

Benzinho, de Gustavo Pizzi.


Melhor Longa-Metragem Documentário

Ex Pajé, de Luiz Bolognesi.



Melhor Longa-Metragem Infantil

Detetives do Prédio Azul 2 - O Mistério Italiano, de Viviane Jundi.


Melhor Longa-Metragem Comédia

Minha Vida em Marte, de Susana Garcia.


Melhor Direção

Gustavo Pizzi, por Benzinho


Melhor Atriz

Karine Teles, por Benzinho


Melhor Ator

Stepan Nercessian, por Chacrinha: O Velho Guerreiro (de Andrucha Waddigton)


Melhor Atriz Coadjuvante

Adriana Esteves, por Benzinho


Melhor Ator Coadjuvante

Matheus Nachtergaele, por O Nome da Morte (de Henrique Goldman)


Melhor Direção de Fotografia

Gustavo Hadba, ABC, por O Grande Circo Místico


Melhor Roteiro Original

Karine Teles e Gustavo Pizzi, por Benzinho


Melhor Roteiro Adaptado

Carlos Diegues e George Moura, por O Grande Circo Místico


Melhor Direção de Arte

Artur Pinheiro, por O Grande Circo Místico


Melhor Figurino

Kika Lopes, por O Grande Circo Místico


Melhor Maquiagem

Catherine Leblanc Caraes e Emmanuelle Fèvre, por O Grande Circo Místico


Melhor Efeito Visual

Marcelo Siqueira, ABC e Thierry Delobel, por O Grande Circo Místico


Melhor Montagem Ficção

Livia Serpa, por Benzinho


Melhor Montagem Documentário

Gustavo Ribeiro e Rodrigo de Oliveira, por Todos os Paulos do Mundo


Melhor Som

Jorge Saldanha, Armando Torres Jr, ABC, Alessandro Laroca, Eduardo Virmond Lima e Renan Deodato, por Chacrinha: O Velho Guerreiro


Melhor Trilha Sonora Original

Elza Soares e Alexandre Martins, por My Name is Now, Elza Soares


Melhor Trilha Sonora

Zeca Baleiro, por Paraiso Perdido (de Monique Gardenberg)


Melhor Longa-Metragem Estrangeiro

Infiltrado na Klan/ Blackkklansman (EUA), de Spike Lee.


Melhor Longa-Metragem Ibero-Americano

Uma Noite de 12 Anos/La Noche de 12 Años (Argentina, Espanha, Uruguai), de Álvaro Brechner.


Melhor Longa-Metragem de Animação - Menção Honrosa

Peixonata - O Filme


Melhor Curta-Metragem Animação

Lé com Cré, de Cassandra Reis


Melhor Curta-Metragem Documentário

Cor de Pele, de Livia Perini


Melhor Curta-Metragem Ficção

o Órfão, de Carolina Markowicz


Melhor Série Brasileira de Animação

Irmão do Jorel, de Juliano Enrico


Melhor Série Brasileira de Documentário

Inhotim - Arte Presente


Melhor Série Brasileira de Ficção

Escola de Gênios - 1ª Temporada


Melhor Longa-Metragem Ficção - Voto Popular

Chacrinha: O Velho Guerreiro de Andrucha Waddington.


Melhor Longa-Metragem Documentário - Voto Popular

My Name Is Now, Elza Soares, de Elizabete Martins Campos


Melhor Longa-Metragem Estrangeiro - Voto Popular

Nasce Uma Estrela/A Star is Born (EUA), de Bradley Cooper.

Melhor Longa-Metragem Ibero-Americano - Voto Popular

Uma Noite de 12 Anos/La Noche de 12 Años (Argentina, Espanha, Uruguai), de Álvaro Brechner.
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